sexta-feira, fevereiro 06, 2004

Porta, janelas e cortinas fechadas, cobertor não sei porque, o corpo quente. Tosse cheia, viro para a esquerda, para a direita, deito de um jeito, de outro... Nada. Passei a noite inteira num estado de semi-consciência, perturbações, tormentos. Tosse, nariz entupido. Eu me imaginava num salão oval que era minha cabeça, estava confortável ou não a depender da minha condição de respiração nasal. A fantasia toda poderia parar se eu abrisse os olhos eu o fiz diversas vezes, mas voltava quando eu decidia tentar dormir novamente. Não dormi nem fiquei acordado.

Me via como se estivesse numa multidão, mesmo sabendo que estava sozinho deitado na cama, me sentia como se houvessem pessoas comigo e suas vozes ecoavam no salão oval, estavam todos lá... E como eu estava muito bem acordado, sabia que eram só uma criação louca. Falavam em roubar, vender, ganhar dinheiro, negociar... Era muito esquisito. Abria os olhos. Sumiam. Fechava. Voltavam. Não paravam de falar, às vezes até sobre o sono, sobre si mesmos... Tinham sempre uma idéia nova do que fazer: correr, jogar bola, pular carnaval... Cheguei a imaginá-los pequeninos andando pela minha cama como pequenos bonecos e cheguei a tentar pegá-los com a mão e jogá-los longe.

Essa alucinação durou mais ou menos 6 horas, eu diria. Já estava claro quando me levantei para ir ao banheiro, fui beber água e quando voltei consegui dormir bem. Deve ter sido a noite mais estranha da minha vida. Pelo menos quando acordei, me sentia melhor da gripe.

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