segunda-feira, julho 28, 2003

Há 17 anos num quarto de hospital estava minha mãe parida, meu pai desmaiado e as luzes apagadas. Nasci no escuro, faltou luz. Se meu pai desmaiou mesmo eu não sei, mas é o que sempre me disseram e foram todos coerentes em suas versões, então é provavel que sim. Então hoje eu faço aniversário. A data cujo nome eu pronunciei mais vezes até hoje: 28 de Julho. Tá, e daí?

Mais novo eu acordava feliz... Era o meu dia e tudo mais, haveria um almoço digno, fritariam batatas... Alguns anos houve festa, noutros comemorações pequenas... Esse ano haverá festa no sábado à noite. Será a maior festa que fiz até hoje, virão umas 50 pessoas das 80 que vou convidar ou que já convidei. Meus amigos estão animadinhos...

Hoje... Acordei normalmente, fui para o colégio normalmente e fui recebido muito bem. Tem gente que realmente se lembra do seu aniversário mesmo que não fale com você o resto do ano... Cantaram parabéns na sala de aula, mas foi só para azucrinar o professor. Bons foram os abraços das pessoas que eu prezo de verdade. Há 10 pessoas fora da minha família que eu prezo de verdade. Todas me cumprimentaram, exceto uma que disse que ia me telefonar 11 horas da noite porque esse foi mais ou menos o horário do parto. Eu fico acordado por ela... Por E... Esquece...

Ligaram minhas avós, as duas, uma pseudo-prima e pseudo-tia (da mesma filiação e pseudo porque são parentes de um cara que mora aqui em casa e é conjugado à minha mãe), minha tia irmã de minha mãe veio aqui e recebi um telegrama das Óticas Ernesto. Até agora foi só isso... Mas estou satisfeito.

Aliás não estou satisfeito nem insatisfeito. Isso para mim não importa muito. Mas importa para as outras pessoas em geral, de modo que elas deveriam telefonar já que é importante para elas... Mas acordei de mal humor porque dormi mal... Aí não sei de verdade se estou triste ou só cansado, fico procurando motivos para ser triste e acabo encontrando alguns...

Mas eu tenho motivos para ser feliz também. E é o meu violão, são as 10 pessoas que eu prezo no meu antro social, meus pais e seus cônjugues, meu pequeno irmão e os abraços sinceros com que posso contar quando eu precisar...

Agora tenho 17 anos...

sábado, julho 26, 2003

Poxa, estava mesmo com saudades de ouvir Black Sabbath. Como é que pode alguém não gostar de música? Dizer assim que gosta por gostar, que tem um rádio em casa por convenção. Ouve assim, de lado, de canto enquanto faz outra coisa qualquer... Como é que pode?

Quando eu pego um CD novo eu chego em casa, tomo banho, apago as luzes, deito na minha cama e ouço o CD inteiro. Um CD para mim é uma coisa só. Um Álbum, como costumam dizer... Eu amo música. Eu acho que seria um indivíduo totalmente mórbido e atônito, eternamente entediado e deprimido se não houvesse a música para afagar o meu coração.

Não era bem sobre isso que eu queria falar nesse post. Na verdade eu não tenho nada mesmo para falar.

Conversei com uma amiga minha sobre o caso do V.A. e ela me deu razão... Isso não significa muita coisa, eu acho, porque o certo e o errado variam de pessoa para pessoa... Mas acho que no mundo visto pelos meus olhos eu estou com uma postura aceitável. Aquela questão do "faça o que estiver afim de fazer". Eu acredito nisso.

Mas tive a chance de conversar com ele. Estava triste porque eu ainda não tinha ido à casa dele desde que ele veio, que eu estava distante e não estávamos nos vendo, que tinha uma expectativa muito grande e eu não às concretizei. Nada posso fazer. Culpa e cobrança formam o pior dos pares. Expliquei para ele que minha vida mudou um pouquinho...

Que texto horrível... Depois fico me perguntando porque o tráfego diminuiu... Ah, segunda-feira é o meu aniversário... Mas a festa será no sábado que vem. Algo mais:

Travesseiro de Plumas

Basta que eu me deite
E os meus olhos se abrem
O tempo me pega e me amarra
As sombras se movem no branco

Nessa torre que me separa da noite
Entra o vento escurro e me esfria
Envolto em lençóis e cercado de grades
Deitado vejo outra noite passar

De pesadelos medonhos estou salvo
Mas também dos mais belos sonhos
Cabeça presa em plumas macias
Que não voarão nunca mais

E virá o sol, e verei
Passará o dia, e viverei
Tardes alegres, e virei
Noites vazias, e, nessas sim, dormirei

segunda-feira, julho 21, 2003

Resovi, depois de muito matutar, dar uma chance ao meu amigo e sair com ele. Abri mão de ir pro show das bandas de rock adolescentes e fui para a casa dele encontrá-lo e de lá sair com outros 2. De noite eles iriam para o show do Charlie Brown Jr. e eu não. Não mesmo. Só se fosse de graça e perto de casa. Nem um nem outro, o ingresso custava 15 reais e era na sede de práia do Esporte Clube Vitória que fica longe daqui.

Fui com ele para o Aeroclube, um shopping à céu aberto dedicado ao entretenimento, tem cinemas, bares, restaurantes, lojas de quinquilharias inúteis, sedes de blocos de carnaval e 2 lugares de shows, um deles é o Rock In Rio Café onde haveria naquela tarde o horripilante show do Os Sungas (similar a Harmonia do Samba). Rodamos um pouco pelo nefasto Aeroclube (nefasto porque é um antro de falsidades, brincos, pulseiras e saltos altos e cabelos com água oxigenada) e os meus 3 queridos amigos resolveram entrar no Rock In Rio.

Por um momento, procurando algum lugar para descansar os olhos encontrei uma garota dançando o tal do pagode soteropolitano. Meus outros sentidos se anularam, bem como tudo à volta da garota. Eu só conseguia olhar para o movimento de seus quadris ainda tímidos mexendo só de leve, guardando o melhor para quando estivesse de fato diante do palco e não na fila de entrada. Quis entrar no show por esse momento.

Só por esse momento. Meus sentidos se recobraram e pude sentir o fedor do suor de mil pessoas que saía de dentro, ouvir os instrumentos da banda e o cantor desafinado tentando cantar enquanto rebolava. Não. Eu não vou colocar meus pés e principalmente meus ouvidos aí dentro. Música ruim me dá angústia, aflição, tormento.

Meus amigos entraram. Fiquei fora, comprei uma latinha de cerveja e me sentei num dos bancos que lá há. Desejei ter ido ao show de rock e deixado-os com seu programa. Desejei ter feito o que eu queria fazer do fundo da alma... Prometi nunca mais trair meus instintos. Já havia feito essa promessa antes. Desejei perder alguns dos meus valores e não mais fazer juízo de nada. Apenas andar para frente ou para trás conforme a minha vontade... Mas isso não acontece...

Mas pela terceira vez eu decido não ir a um show de rock e ele não acontece. Uma vez a fiscalização fez parar porque o som estava muito alto. Da outra teve uma briga tão grande que os músicos desistiram de tocar. Dessa vez pegaram gente fumando maconha (o que sempre tem, mas dessa vez foram olhar). De qualquer forma só fiquei sabendo disso depois. Naquele momento, no meio do Aeroclube cheio de risadas eu continuava decepcionado.

Encontrei o pessoal de uma banda 'aliada', já haviamos ponderado fazer um show em conjunto organizando tudo autônomamente, já que convite para tocar não cai do céu. Reforçamos essa idéia com rascunhos de planos, mas acho que até agora nada há de concreto. Havia encontrado eles na noite anterior, mas não havia como falar. Só ouvir. No palco estavam Los Hermanos.

Foi o melhor show que assisti nesse ano. Talvez o melhor que já assisti em todos os anos. Com simplicidade os rapazes fazem um som espetacular. Guitarras, barbas e camisas pólo. Estava lá com minhas amizades atuais e foi muito bom. Garantiu o meu final de semana... Posso dizer que estou com o espírito de bom humor hoje, mesmo sendo segunda-feira, já não sinto tristeza alguma. Ando hoje olhando para frente sem medo de pisar na bosta.

sexta-feira, julho 18, 2003

Me sentia tão triste, sonolento e cansado pela manhã que o que tinha vontade de fazer era dormir a tarde inteira, ler mais um pedaço do Dom Casmurro, escrever para o blog, fazer minhas leituras diárias e enfim, quando a noite chegasse eu estaria descansado o suficiente para ir ao show do Los Hermanos que acontecerá hoje.

Tenho um grande amigo que tinha suas referências aqui dadas pela sigla "V.A." de "Velho Amigo". Usava as siglas para não dizer os nomes reais. Depois me dei conta que as personalidades dos meus melhores amigos já estavam muito escancaradas aqui e esse blog é para falar de mim e não dos outros e o que importam são as idéias e não as pessoas. Me desfiz das siglas.

V.A se mudou para Chapecó em Santa Catarina, muito longe de Salvador. Nos comunicamos pela internet e ainda somos bem unidos. Agora ele está aqui em seu velho apartamento com a mãe que ele deixou aqui chorosa, mas está só de passagem. Nosso reencontro foi emocionante e foi um abraço forte quando identifiquei a silhueta no escuro. Deveria ser uma grande alegria para mim tê-lo aqui. Não é.

Não é e eu nunca me senti tão envergonhado. Sempre tive jeito de dizer pra ele tudo que pensava e que sentia mesmo que fosse doer. Tanto para criticar como para elogiar. Mas tê-lo aqui não me alegra e eu não consigo descobrir porque. Gozo muito mais dos momentos com os meus novos amigos do que dos que passo com ele agora. Quando soube da sua vinda para cá comecei a vê-lo atrapalhar meus planos porque era certo, justo e óbvio que eu deveria passar meu tempo livre com ele.

E hoje eu me sentia tão triste, sonolento e cansado que queria passar a tarde inteira sozinho dentro de casa para ter energia para ir para o show à noite e era certo, justo e óbvio que deveríamos nos encontrar na casa dele para jogar RPG em que ele é viciado e não tem lá no sul. Cabia a nós, baianos, satisfazer essa nostalgia do grande amigo a quem amamos. E de amá-lo não deixei de jeito nenhum... Não entendo mesmo o que há.

E agora que prezo os ideáis de liberdade não consigo parar de me dizer para fazer o que eu estou afim de fazer e não o que é certo e justo. E é bem óbvio o que eu quero fazer. Quero ir amanhã para o show de rock underground enquanto ele quer a minha companhia para passear por onde for e não lá. Não estava com a mínima vontade de jogar RPG hoje nem em dia nenhum. Mas a minha decisão foi de ir com o meu velho amigo onde ele fosse porque ele merece...

E hoje na hora do almoço minha mãe com certa autoridade sugeriu que eu ficasse em casa, que dormisse, que lesse mais um pedaço do Dom Casmurro para ter energia para ir ao show. Eu pouco tentei convencê-la do contrário: a ordem veio a calhar. Ele pouco entendeu os motivos de minha mãe para me manter em casa e me deu pena ao ouví-lo concluir que não jogaria RPG hoje. Não sei se era porque não teria o prazer de minha companhia ou se era puramento pelo jogo. Ele não é muito moral.

Então fiquei em casa, dormi por umas 3 horas, li um pedaço do Dom Casmurro de que estou gostando muito e estou agora satisfeito com o que fiz. Não me arrependerei de não ter lutado pela minha liberdade de ir e vir porque livre fui ao ter feito o que queria... Mas porque eu não tenho tanto interesse assim em ver o meu velho amigo... Ah, isso eu não sei.

Cruzando Sinais

Vou pelas ruas cruzando sinais
Sentindo os oderes que voam no ar
Ouvindo o som urbano da massa
Os rádios do mercado informal

Vou pelo corredor de portas abertas
Palpando sabores de váriso cômodos
Sentindo os prazeres noturnos perversos
Os quartos do amor casual

Só há perdão
Se houver pecado
Só há traição
Se houver promessa

Simplesmente eu vou, nada me impede
Seja ou não o sangue todo meu na veia
Sejam os embalos furtivos ou lentos
A refração da luz na garrafa vazia

Onde quer que aponte a ponta
Mesmo que eu me vire para trás
MEsmo que o norte seja no equador
O centro do peso da ponta da bússola

Só há julgamento
Se houver dúvida
Só há crime
Se houver culpado

Onde estão os livros da verdade
Se as bibliotecas são dos homens
E qual o homem sem vaidade
Conheça a história sem os nomes

Onde está a música de amor
Se as melodias são do vento
E o vento não tem pudor
Conheça o amor sem tempo

quarta-feira, julho 16, 2003

O que há? O que há comigo? Não tenho dormido bem e uma enorme tristeza vem com a noite. Sono, olhos semi-abertos. Estou dentro de casa, limitado ao meu quarto, meus 30 CDs, uma caixinha de bombom alpino, esse computador e essas teclas que não mentem.

O que houve nesses dias? Muitas coisas. Coisas demais para que eu possa me lembrar. Horas deitado no escuro com os olhos abertos. Deitado sonhando em meia consciência. Correndo por uma avenida escura... Correndo dos ladrões. Deitado sonhando estar deitado e sendo assaltado dentro de casa. Deitado acordado tentando sonhar com qualquer coisa por mais tempo. Cada minuto demora e depois de uma jornada chega o dia. Eu vejo o relógio fazer a última alteração silenciosa das 5:59 para as 6:00 e me fazer levantar porque o barulho que ele faz é insuportável.

O caminho para o colégio é tão automático que poderia dormir andando... Lá eu encontro pessoas, distribuo sorrisos em troca de frases bem humoradas. Troco toques de mão. Pessoas. Essa coisa toda de animal social... Racional. Emocional. Carente de entretenimento. Eu me tornei um animal social... Eu sempre fui. Desde que aprendi a falar, e meus pais dizem que foi cedo.

Onde estão os meus impulsos? Longe desse quarto, desse apartamento... Em casa... Em casa me dá sono e eu durmo mal. Eu quero sair. Agora... Mas não, amanhã preciso acordar cedo e dessa vez vou ao menos tentar dormir. Sono eu tenho, mas também tinha ontem. Ontem doíam-me todos os músculos e os ossos dos dedos mindinhos das duas mãos. Bolas mal passadas. Meu dedo mindinho da mão esquerda está fraturado e não posso nem ao menos tocar violão para me acalmar.

E há 7 dias meu coração de poeta nada concluiu. Estive tentando algo condoreiro. Algo de cunho social para escrever uma música agressiva... Mas não... Eu sei é falar de mim. Eu só posso falar de mim porque só de mim posso saber... Mas o que há? O que há comigo?

sábado, julho 12, 2003

Estou novamente em aulas. Acordando às 6, andando o mesmo caminho todas as manhãs de dia de feira. Encarando a chatice dos professores chatos ainda sem se divertir com os divertidos. Anúncios de trabalhos, notas, provas, calculadoras. Traga a régua e o compasso, amanhã temos geometria... Colegas desesperados com seus resultados. Eu tranquilo com os meus... Cabelos maiores, menores. Rostos queimados de sol. Eu lá no fundo.

Sento todos os dias no canto do fundo. Já tentei variar mas não funciona. Meu lugar é ali junto com as duas paredes. Isso é tão simples e óbvio que ocupam todos os lugares ao redor mas aquele... Aquele me pertence, todos sabem disso. Todos sabem onde me encontrar, eu dificilmente estou em lugares diferentes dos costumeiros.

Encontrando os amigos que tenho na escola. O interessante é que muitos deles eu vi com frequência nas férias. Alguns estavam queimando a pele no sol do litoral ou nos fogos de artifício do interior. Eu fiquei na capital a não ser por uma breve temporada na Práia do Forte... Se procurarem Práia do Forte no Google é possível que encontrem este blog. Já houve casos com outras referências.

E é o segundo semestre do ano que está passando, para mim, muito rápido. Tenho que aproveitar meu tempo de liberdade. Ano que vem estarei, se tudo der certo (e provavelmente dará), no terceiro ano. Pré-vestibular. Estudar como um escravo para tentar passar na USP e ir para São Paulo... Se procuarem USP no Google é possível que encontrem este blog.

E cá estou eu diante da branquidão dessa tela contrastante com o breu do meu quarto. Escrevo. Já não tenho escolha. É o curso natural das coisas que me leva a deferir estas palavras, sejam elas sábias ou não...

terça-feira, julho 08, 2003

Não tenho aqui comigo uma bíblia, mas lembro-me que no Gênesis (o primeiro livro, que fala da criação, Adão, Eva e tudo mais...), nos primeiros parágrafos da bíblia se conta uma história mais ou menos assim: "No começo só havia a escuridão então Deus disse 'Que haja luz!', e então houve a luz e se diferenciaram os dias das noites." Depois Deus ordena que haja mais milhares de coisas. Interessante ham? A primeira coisa a surgir foi a luz, depois de Deus, claro.

Não. Não tem nada de interessante nisso. E nem foi a luz a primeira coisa a surgir depois de Deus, segundo a Bíblia. Cheguei à seguinte conclusão: Para que Deus tivesse dito "Que haja luz!" foi necessário que ele falasse em algum indioma qualquer. A primeira coisa a surgir foi a linguagem. A comunicação. E Deus inventou a linguagem? Ele usava para se comunicar com os outros deuses dos outros universos? O que vem antes de Deus, se Deus vem antes do tempo? Ah, mas você pode não acreditar na Bíblia.

O que é outra coisa sobre a qual estive pensando. Você pode não acreditar na Bíblia. As pessoas normalmente buscam como religião aquilo que acreditam ser justo, igual para todos. As pessoas em geral procuram acreditar num regente universal benevolente e que justiça será feita para os homens de bem.

Mas isso tudo é só a sua opnião e a sua opnião sobre a realidade não exerce influência nenhuma sobre ela. Se a bíblia estiver certa, você não tem escolha. Para alcançar a salvação você segue os mandamentos, pede perdão aos domingos e tudo mais.

Eu pensava que cada pessoa podia ter sua fé em paz, se ela acreditasse de verdade e seguisse sua crença sem hipocrisia ela estaria bem com o seu espírito e seria abençoada em outros planos de existência. Eu ainda acho que isso pode ser verdade, se o universo for justo. Mas se na verdade Alah é o único deus e Maomé seu profeta, no paraíso estão os homens bomba e nós vamos cair do penhasco. Nossa opnião não altera a verdade.

Se depois da morte nós vamos para um lugar montanhoso onde há bastante neve e as almas penadas esquiam eternamente numa atividade divertida, então apesar de essa versão da pós vida ser exdrúxula é a versão verdadeira e você não pode fazer nada. Nossa opnião não altera a verdade.

Suponha que você está errado. O mundo se enche de dúvidas. É bom ter uma opnião para, ao menos, se sustentar emocionalmente nas nossas vidas terrenas mas nossas opniões sobre assuntos meta-físicos podem ser falsas. E contra fatos não há argumentos. Nossa opnião não altera a verdade. E essa é a minha opnião. Talvez na verdade a nossa opnião altere a verdade. Nesse caso eu errei e minha opnião não alterou a verdade. Então eu acertei no fim das contas. Não é demais?

domingo, julho 06, 2003

Pouca coisa para dizer. Vou dar vazão às palavras, simplesmente. Talvez elas aconteçam. Talvez não. Estou ainda de férias, pelo menos até amanhã e nas férias os costumes se perdem. Eu escevi muito pouco, li muito pouco, até toquei pouco... Estive muito fora de casa acompanhado de amigos e amigas. Nenhum relacionamento leviano. Nenhum relacionamento sexual. Nada me incomoda nesse sentido.

Hoje, o sábado, quando eu esperava ter mais o que fazer durante a noite, fiquei em casa o dia todo. Estou em casa até agora. Não passei da porta nem para comprar jornal. O jornal veio. Eu procurei no caderno cultural algo para fazer. Achei algumas coisas interessantes que acabei dispensando por falta de companhia.

Meu dia começou bem. Eu sairia mais uma vez com os amigos para algum lugar legal onde ficaríamos simplesmente conversando e quando a noite chegasse em sua adolescência iríamos ao Calypso Heineken Station curtir o Rock'n Roll. Uma das bandas era cover de Cranberries e eu estava interessadíssimo em saber se tinha qualidade. Não fui. Meus amigos, todos, cancelaram. Tentei criar outras alternativas mas acabei ficando em casa.

Eu não sei mais sair sozinho. Isso é horrível. Claro que sair com amigos é muito melhor, mas há algum tempo atrás eu poderia sair de casa e ir me divertir mesmo que estivesse sozinho. É importante. Solidão é pra quem pode. Companhia vicia.

Vem me levar

Vem me dizer
O que eu já sei
Mas preciso ouvir

Me diz com uma cara séria
Que é pra eu prestar atenção
Tudo que eu não entendi ainda

Fala que a vida passa
E não é pra ficar só
Sentado num banco de praça

Explica que o sol nasce de manhã
Pra eu jogar fora essas cortinas
Pra eu levantar desse colchão

Me mostra que tem noite
Fora desse quarto abafado
Pra eu abrir as janelas dos olhos

Aponta a lua cheia no céu
Cercada de estrelas
Como é linda!

Me tira desse quarto
Que eu não sei bem o caminho
Me leva contigo onde for
Que eu não sei mais viver sozinho

quarta-feira, julho 02, 2003

Sinceros Versos Calados

Na madrugada silenciosa
Tenho que segurar minha voz
As pessoas dormem em seus apartamentos
E algumas merecem o meu silêncio

Minha garganta então presa
Não posso cantar que te amo
Eu queria gritar que te amo
Eu queria que você me ouvisse

Você me pega pela mão
Sem fazer muita força
Me leva onde quiser
Volta só, me deixa só

Acha qualquer outro alguém
Pra fazer outra graça
E eu estou lá no mesmo canto
Te esperando denovo

Eu queria te ver rir denovo
Da minha sensatez
Do que eu falo com bom humor
Do que eu falo que não fala de amor

Deixa comigo tuas margaridas
Eu seguro pra você poder dançar
Com quem te convém, que veio antes
Com quem tu irá e eu deixarei

E deixo contente pois irá feliz
Teu rumo longe de mim não me fere
Contanto que uma vez ou outra
Venha pegar as flores que me deixou cheirar

Madrugada ainda, não posso gritar
Chove lá fora e no meu rosto
Não está aqui para me consolar
E se estivesse não precisaria

Mas não te cobro, meu bem
Vive assim mesmo como está
Me dá só o que quiser
Porque assim está linda