quinta-feira, abril 29, 2004

Ontem peguei de volta meu guarda-chuva que estava emprestado. Eu sabia, a terra me avisou de algum jeito. Agora chove e tem chovido o dia todo, mas eu estou bem protegido e aquecido. Assim, a chuva é bonita. Um descanso para todos os sentidos. A linda visão de serenidade, o som tranquilo, o clima ameno e o cheiro que sobe do chão onde ainda tem terra e capim. Arborização dos calçadões.

Mas a minha cabeça voa longe do chão. Numa montanha verde onde eu e meus amigos celebramos ao som suave de uma flauta e da chuva... Lá de baixo e de outras montanhas é difícil entender. Não culpo ninguém, ninguém sonegue me culpar. eu escuto algumas vaias, mas não me incomodam. Prefiro ficar por aqui, onde sou feliz.

Muitas coisas me distraem. Um pássaro alça vôo e me leva a correntes de pensamentos, versos, prosas, fotografias... A beleza das coisas me faz palpitar, mas eu me vejo forçado a me concentrar na feiúra, conviver com ela e dar mil voltas repetidas num quadrado. Uma moldura de foto ou de diploma, uma pose feliz. Uma pose. Enquadrado.

sexta-feira, abril 23, 2004

Após uma noite de sono conturbado, normalmente, uma camada mais espessa de ar fica presa nos pulmões. É um ar pesado, dificulta a respiração, me deixa lerdo e preguiçoso. Mas coloquei este ar pra fora com um grito que me contraiu todos os músculos e me despertou, como numa manhã de feriado nacional.

Ainda bem que ele veio. Eu tive um par de noites interessantes, muito parecidas, mas com gente diferente. Eu sempre tive poucos amigos, mas eram pessoas com quem eu podia contar. Agora sinto que posso oscilar entre os grupos sem perder a tal confiança. Me senti feliz. É bom conhecer gente inteligente.

Estou bem, mas ainda não satisfeito. É bom que eu já tenha a agenda do fim de semana completa, então o tempo dirá se, de fato, minha vida está começando a mudar. Mas eu sou eu, meu e quero mais.

segunda-feira, abril 19, 2004

Estava no saguão do prédio esperando o elevador, eu tinha uns 5 anos. Chegaram dois garotos que deviam ter a idade que eu tenho hoje, falaram de trauma. Um deles já tinha se encontrado com a porta de vidro daquele saguão, de bicicleta, e se cortado todo. Mostrou uma cicatriz no braço e outra na perna, apertou o botão do elevador e ficou esperando como eu. Foi nesse dia que eu aprendi o significado da palavra "trauma". Tive medo do trauma.

Sempre achei que eu era uma pessoa sem traumas, bem resolvido. Eu penso reto, simplifico as coisas e tudo parece até ser fácil... E os outros parecem pensar que eu tenho soluções. Eu só observo os ombros das meninas que vêm de camiseta reluzindo as lâmpadas frias da sala de aula. Meus ombros não andam erguidos, meus traumas devem estar tão intrínsecos que não consigo detectá-los. Não consigo dizer de onde os meus medos vêm.

Eu só encontro esse som que vem e me amarra por dentro, me carrega, me faz voar, cair no mar e me afogar, subir à tona secar na superfície do sol, queimar, congelar. E eu estou dentro de casa. Estou aqui querendo estar longe. Eu quero ir para longe, quero trocar alguns amigos, quero deixar de gostar de algumas pessoas. Gostaria de parar de discriminar os feios e acreditar na honestidade das meninas dos ombros bonitos, me sentir feliz assim e fazer uma serenata.

Para no dia seguinte acordar e encontrar as penas do travesseiro ao meu lado... E vem esse som que minha cabeça-rádio capta no ar e tenho medo de passar todas as minhas tardes assim... Preciso alcançar o coelho nas luzes do carro. Andar a pé na areia da práia, numa tempestade, de madrugada, ao lado de alguém. Minha respiração... já está... ficando... devagar... denovo.

quinta-feira, abril 15, 2004

Já voltei de viagem desde segunda-feira, mas ando um pouco automático esses dias, ruim para escrever. Tenho estado quase sempre em silêncio, ouvindo pouca música, sozinho, fechado no meu quarto com as companhias da internet, cochichando. Ando fazendo decisões para os próximos dez anos e destruindo-as no dia seguinte. As únicas coisas que permanecem são as dúvidas... O que eu vou ser quando crescer... O que eu vou fazer de bom amanhã...

Quando eu era mais novo, estava sempre na casa da minha vó paterna. Por lá passava todos os dias e no mesmo horário um vendedor de picolé da Kibon Sorvane muito simpático, eu conversava com ele e achava o máximo ele conhecer todos os tipos de picolés. Às vezes eu queria Chicabom, outras Frutare Limão e outras Frutare Cajá. Encontrei-o algumas vezes na práia da Barra também. E eu queria ser vendedor de picolé quando crescesse. Ninguém me levou a sério e esse meu sonho foi destruído pelo capitalismo.

Agora meus sonhos se passam durante as noites em que consigo dormir bem. Quando estou acordado, só tenho dúvidas em relação ao futuro. Tenho dito isso até demais.

quinta-feira, abril 08, 2004

Uma última olhada no oceano sob as minhas asas e parto para uma terra cercada de terra.

Vôo para longe deste lugar está me afogando. Para um pouco longe de tudo que tem estado um pouco grudado em mim, apesar das boas novas. Eu não estou mais nú, careca ou desdentado. Minha vida já começou de fato e n´~ao me permito voltar. Não se volta.

Então estou fugindo um pouco do cotidiano, vou ver umas paisagens novas, algumas obras primas da natureza, trocar violão e ter uma conversa honesta com o meu pai. Curioso que eu me sinta fugindo da rotina indo passear com o meu pai pelointerior, como já faço desde que posso me lembrar.

A verdade é que a vaiagem da minha mãe para Paris me endureceu um tanto. DEsde o último setembro que não a tenho em casa. Sem ela, as proibições e os cuidados, fiquei muito mais dono do nariz e me diverti b astante. Lidei com dinheiro e boletos bancários, passei sem pareto por esse tempo, mas sob os meus próprios cuidados.

Entao, indo encontrar meu pai, me sinto menos pesado nas costas, menos preocupado na testa. Estou no avião escrevendo numa folha de ofício. Em 90 minutos estarei digitando e publicando o texto.

Feliz páscoa para vocês!

segunda-feira, abril 05, 2004

Prometo um post de verdade em breve.
Ando meio atarefado, mas como não presto atenção às aulas de química, escrevi isso:

The Fall of Rebel Girl

You have no idea
Who you're messing with
Innocent child
Step back before it's too late

You still don't look like them
Don't surrender so soon
You may get trapped
For all your life

You were doing so good
Rebel Child
You were doing great
Why are you messing it?

You have no idea
Who you're messing with

Your addictions will have to change soo much
To get in they're vicious circus
In wich you'll start as a clown
And it never ends, rebel child