quinta-feira, junho 29, 2006

Porém, eu não sei.

Não entendo. Nunca mais eu tive um sonho pra me explicar e então me vêm interrogações gigantes, de ferro, do céu, chovendo na minha cabeça, cada ponto um quilo de dúvidas. Quando caem viram de ponta cabeça e se transformam em ganchos e nele se penduram samambaias, correntes e sandálias havaianas.

Ganchos de pendurar rede. Mas não sabem que estão por demais próximos um do outro. De ferro, um quilo.

Na cidade, aqui, fica cinza e ensaia, mas na verdade não chove.

sábado, junho 24, 2006

Estranho

É estranho perceber, depois de tanto tempo. Passou tão rápido e eu já estou indo, já. Ver minha cidade da janelinha do avião. Porque agora eu não moro mais em casa, eu simplesmente não moro mais. Mas te chamo de "minha cidade".

Pois eu estava certa noite deitado no colo, no banquinho, perto dos filósofos e olhei ao meu redor e chamei o que vi de "minha universidade".

É estranho perceber, mas acho que eu estou feliz.

sábado, junho 17, 2006

Eletrodoméstico

(É, as coisas mudaram por aqui.)

Eu me lembro que pouco antes de vir pra cá meu pai me falou que morando > sozinho, eu ia descobrir quais manias eram minhas e quais eram do ambiente > onde eu morava. O que era meu, o que era da família, o que era da Bahia.

Lembro também que quando eu tava na França, o que eu mais perguntava pra minha mãe era onde achar um lugar que vendesse suco de laranja de verdade, que não fosse artificial.

Comprei um espremedor de laranjas. Meu primeiro eletrodoméstico.

sexta-feira, junho 02, 2006

Dizem com alguma dose de orgulho e tribalismo que aqui não se faz cálculo algum. É mentira. Se faz aqui muito cálculo dos gestos, dos movimentos, das palavras e até dos sorrisos. Tudo medido, não para sempre agradar, mas sempre para causar uma impressão - até pelo desagrado. Aqui se gosta de mostrar que é mais feliz, que é mais inteligente, que é mais sabido.

Igual a qualquer lugar, na verdade.

Mas todo mundo se diverte, sim. Amigos novos que se diveretem. Se usam, se utilizam da solidão de cada outro para diversões sem fim. Igual a qualquer relação humana, na verdade. Mas existe, sim, existe algo a mais. Um afeto, um... Um calorzinho, um olhar pra alguém só por gostar, estar junto só por gostar, quando diversão é consequência e não propósito.

Disso eu sinto muita falta.

E eu gosto de ir ao cinema. Quando estou no cinema parece sempre que no final do filme eu vou pegar um ônibus pra Pituba e voltar pra casa.