sexta-feira, março 25, 2005

Sonho - 24 a 25 de Março de 2005

O lugar é cinza, todo monocromático. Não sei se é um muro, um prédio... Há o asfalto, a calçada, o muro em ruínas, um banco de concreto. É uma parada de ônibus. Lá está um menino de uns 10 anos. Usa uma calça jeans, uma camisa polo azul, como se tivesse sido vestido pela mãe, e senta no cantinho do banco ele tem uma expressão triste e séria. Converso algumas coisas com ele e percebo que o menino é muito inteligente e maduro. Quando digo isso, ele só abaixa a cabeça, consentindo, e fica calado.

Não me lembro exatamente os assuntos sobre os quais conversávamos. Algo sobre os adultos, eu acho. O menino estava esperando um ônibus e sentava bem no canto do banco, meio arqueado, olhando pra baixo. Faço algumas gracinhas, palhaçadas, mas o menino não ri. Ele olha pra mim com um certo desprezo, até, como quem diz "não seja idiota".

Converso mais com ele. O menino é muito bonito. Me abaixo diante dele. Já estou quase acordando, já estou ciente de minha posição na cama, de alguns sons ao meu redor. Olho para o menino e pergunto, quase já certo da resposta: Quem é você, menino?

domingo, março 20, 2005

Hoje não há palavras. O silêncio é minha metáfora.

segunda-feira, março 14, 2005

Triste. Pensando em tudo que tenho que deixar pra trás quando sigo em frente... Tudo que está acontecendo ao meu redor, sem mim. O mundo que continua o mesmo, independente de minha ausência, inconsciente de quem eu sou, onde estou, o que estou fazendo... E o que eu estou fazendo? Dando outro passo, outro passo, outro passo, subindo um degrau, outro degrau, mais acima, mais adentro na gruta à espera de uma gota d'água.

Do lado de fora, uma tempestade. Um grito de pânico. Quero sair! Quero sair! Me molhar, sentir o vento, a noite, as alucinações do vício de viver! Ah, tentação! Meu caminho difícil por si só já será uma prova, antes da outra literal. Ainda é o começo da longa estrada, mas as provações já são diversas. Eis o meu momento de fraqueza: amigos comendo pizza longe daqui.

E a cada dia tenho que procurar um novo incentivo pra me levantar. Cada dia eu consigo. Cada vez que bate aquele sono, preciso de uma razão pra continuar sobre todos aqueles livros. Cada vez eu consigo. É muita coisa que tenho que deixar pra trás quando sigo em frente. O sacrifício parece fazer sentido.

quarta-feira, março 02, 2005

Nasce o sol, atinge a altura de minha janela, bate no meu rosto, meus olhos... Abrem-se. Ainda falta um pouco para o despertador tocar... Ainda tenho sono para mais que isso, mas azar, são as obrigações... Não... São os sacrifícios que tenho que fazer para alcançar o que eu quero. Agora é livre. Uma questão de escolha. Uma questão de comparar o sonho com a preguiça, como já ouvi por aí. O sonho que eu tenho acordado com o que eu posso ter dormindo.

Mas é tão difícil levantar... Tão difícil me soltar dos cobertores, desencostar a cabeça do travesseiro e encostar o pé no chão. Andar em direção ao chuveiro e tomar água fria na cara. É tão difícil acordar e perceber que é mais um dia vindo aí, que eu tenho que começar a me movimentar, se não vai chegar a noite e não haverá cansaço, nem calos nos pés, nem pegada atrás de mim, nem caminho à frente, nem sucesso.

O pouco tempo passou e o despertador toca, agora. Não posso mais ficar parado, não posso mais dormir hoje... Essa noite acabou, não importa se eu estava num bar e dormi pouco. Eu tenho que sair daqui e fazer o que for necessário, o que for satisfatório - mais do que o suficiente. Eu sei muito bem disso, eu não posso mais falhar... E tenho muito o que fazer.