quinta-feira, janeiro 01, 2004

Não resisti e ignorei os conselhos de viajantes mais experimentados. Fui para Champs-Elysées (onde fica o Arco do Triunfo) no Revellon. Fomos eu, o amigo de minha mãe que me hospedou no seu lar até que eu pudesse ficar aqui na universidade e sua filha, uma menina de 12 anos, terceira do casamento dele com a mulher que ficou em casa com minha mãe esperando agente voltar (antes de meia noite), para estourar a champagne. Saímos de casa por volta das 9 horas. O metrô, gratuito nessa noite, estava lotado. Fui me apertando com gente de toda nacionalidade, cultura, cor e tamanho. Champs-Elysées (campos elísios) fica na última estação desse trem, Étoile (estrela). Chegamos na estrela, bravamente.

O clima era aquele de ante-festa que eu adoro. A rua estava fechada para os carros, então pude andar pelo meio da gloriosa, e linda, avenida vendo grupos de bêbados, sóbrios, argelinos com tambores, moças de saia (não sei como, nesse frio), casais e grupos maiores. Gente nas beiradas da rua vendendo cachorro quente e cerveja, sem isopor porque o ar já é um bom freezer. Eu gosto do cheiro dessas coisas, simplesmente... Festa de largo, gente por aí correndo, pulando, fazendo barulho. Ouvi algum barulho! Paris deve ser a cidade mais silenciosa em que já estive. As pessoas não falam, não assoviam, não cantam, mas nessa noite sim. Nessa noite, havia festa. Suspeito que não haviam muitos franceses lá...

Pegamos uma rua transversal que ia dar em Trocadéro, um ótimo lugar para se ver a torre Eiffel, fomos andando, vendo o movimento aumentando, policiamento, lugares fechados... Quase me senti numa manhã do carnaval baiano, quando ainda não saiu nenhum trio elétrico. Quase. Era noite, era frio e as pessoas invadiam a McDonnalds. Chegamos ao local desejado, a torre estava toda iluminada e as pessoas alojavam-se ao seu redor para ter um bom ângulo dos fogos quando o ano virasse. Quando deu 11 horas, a torre começou a piscar de luzes brancas, a reação do público foi um interessante e sonoro "ohhh!", mas a torre sempre faz isso de hora em hora em qualquer noite.

Satisfeitos com nossa vistoria, chegamos à estação do metrô. Para voltar não estava cheio, deu para fazer o trajeto tranquilamente. Quando chegamos em casa, faltavam 20 minutos para a meia-noite. Dois dedos de proza e estouramos a champagne. Feliz ano novo.

Aqui não existe a tradição de se vestir de branco no ano novo, mas eles acabaram tendo que ver o primeiro dia do ano amanhecer alvo em todas as direções. A natureza, sábia, cobriu a cidade de neve. A neve. A dama mais elegante de Paris caindo em seus flocos harmoniosos. Ela cai devagar, desfilando, pra lá e pra cá, e nas calçadas, nos telhados, nos galhos das árvores, na minha mão... O ano começou... De branco.

Sem comentários: