quinta-feira, janeiro 15, 2004

Devolveram meus óculos. Só os óculos. Telefonou um moço dizendo que o havia encontrado no restaurante. Ficam duas hipóteses: O rapaz que pegou meu casaco deixou os óculos lá e inventou a história ou deixou displicentemente os óculos no restaurante, e um rapaz nobre o levou ao achados e perdidos e telefonou para cá guiado pelos anúncios. Não importa. Tenho meus óculos de volta. O incidente da perda do casaco (vide post 03/01/2004) acabou sendo bom no fim das contas. Eu fiquei bem triste e cabisbaixo nos dois dias que se seguiram, mas depois recuperei o ânimo e fiquei ainda melhor do que estava antes. Não deixei de ir às festas, o barman já brinda comigo e tenho um grupinho internacional com que estar.

Ontem fui a um concerto de jazz e música sul-americana na maison da Argentina, mas que não teve jazz nenhum. Tocaram (mal) 12 músicas, dessas todas, 6 eram do Brasil. Ouvi com muito gosto amostras da genialidade de Gil e Caetano. Aliás, uma coletânea de Caetano estava como destaque na loja principal da Fnac. O Brasil é, culturalmente, muito respeitado aqui. Não só no campo da música, mas também na dança, teatro e TV. A globo é bem cotada entre as pessoas latinas e algumas pessoas chegam a saber nomes de atores brasileiros. Muito me alegra.

Começo a sentir falta da Bahia, do calor do sol e das morenas do sorriso largo. Começo, ao mesmo passo, a gostar bastante da vida aqui dentro da Cité Universitaire Internacional. É um lugar enorme onde vários países tem suas casas, originalmente para abrigar estudantes compatriotas, mas acabou-se misturando tudo. Aqui na maison inglesa tem 6 brasileiros. É um lugar de clima muito leve e eu ando tranquilo. E os universitários festejam muito.

Ontem fui à mais uma festa na maison Deutsch, encontrei meus amigos brasileiros, ingleses e de todo outro canto. Estou em contato aqui com pessoas que mergulharam totalmente na vida no exterior. Uma moça que está na inglaterra há 7 anos, desde os 14, estuda psicologia em Oxford e está fazendo algumas matérias em Paris (que é o maior centro de psicologia do mundo, segundo ela), outro que estuda na África do Sul há 3 anos e veio completar o curso aqui, uma que ganhou uma bolsa na holanda e vai direto para lá... E eu com meus 17 anos vendo o mundo todo dançar num porão, com saudades da Bahia e pensando no vestibular do fim do ano, se vou fazer Jornalismo ou Comércio Exterior, se vou fazer na Bahia, em São Paulo, em Brasília... Pensando de longe em Londres. Pensando nos meus amigos, no carnaval, grande e pequeno, muito e pouco.

Veremos a mesa que a vida me reserva para o almoço. Eu ainda estou no café da manhã, mas acredito que já acordei e lavei o rosto.

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