terça-feira, janeiro 06, 2004

Pensei em escrever um post de opnião sobre essa história das impressões digitais, mas preferi postar isso ai:

Hoje é dia de trabalho aqui em Paris, terça-feira. As férias já acabaram e tudo já voltou a correr como sempre. E eu fico abandonado porque não estou convivendo com turistas e sim com moradores da cidade. Comecei o dia em casa, na cidade universitária matutando sobre o que faria. Fui procurar os brasileiros no campo de futebol, mas lá só havia crianças e o que eles faziam não se parecia muito com futebol. Tudo bem. Vou pegar um ônibus.

Pegar um ônibus. Só isso. Simplesmente passear pelas ruas e sentir o cheiro da cidade, ver as pessoas entrando e saindo com suas sacolas e problemas. E o ônibus aqui em Paris é muito bom. Confortável. Peguei o ônibus aqui na cité e o plano era ir ate o fim, mas acabei descendo no Jardin Du Luxembourg porque o dia esquentou e ficou viável andar pela rua sem medo das orelhas congelarem. Tirei algumas conclusões interessantes.

No jardim tem um pequeno lago onde há pelo menos 3 especies de patos. Inclusive aqueles da cabeça verde que aparecem em desenhos disney, e sao daquele jeito mesmo, garças e corvos, como são elegantes e vistosos... Uma aglomeração dessas aves num canto do lago, logo percebi o motivo: crianças atiravam pedacinhos de pão. As aves sao estúpidas. De mim que nao tinha pao nenhum, elas fugiam. Do menino que dava pao elas se aproximavam. Acho que nunca estive tao perto de um pombo na vida quanto estive quando me aproximei do menino dos pães... Por isso os patos nao dominam a terra. (Conclusão 1)

Entao saí do tal jardim por um outro portão menos badalado. Andei um pouco pelas ruelas até constatar que não sabia onde estava. Mas é claro que sabia: estava em Paris. Basta. Continuei. Vi uma faculdade de direito feia. A primeira construção irrefutavelmente feia que vi em Paris. Para piorar, a porta estava cheia de anuncios, aparentemente uma eleição de diretório acadêmico estava por vir. E descobri que essa faculdade feia era a mesma que tinha visto outro dia, que tinha uma fachada greco-romana linda do outro lado com os dizeres da revolução. Paris também tem uma porta dos fundos. (Conclusão 2)

Seguindo meu caminho, passei por uma escola aparentemente secundarista. Estavam saindo varios estudantes, eu me juntei a eles e andei. Quem olhasse de fora talvez pensasse que eu pertencia ao grupo. Era um grupo de adolescentes bem comum. Umas francesas bonitas cochichavam entre si, franceses branquelos discutiam provavelmente futebol, porque ouvi falarem "Zidane" e "Real Madrid". Enfim, eram pessoas alegres e não moribundas e mal-humoradas como as crianças que costumo ver aqui. Então tem gente feliz morando aqui. (Conclusão 3)

Andei um tanto mais, meio perdido, e fui parar no portão principal do Jardin du Luxembourg. Ótimo. Para completar encontrei pixações no ponto de onibus. Falavam de liberdade, somos todos humanos, iguais e devemos ser solidarios e nao podemos deixar a maquina capitalista nos dominar e bla bla bla. Em Paris também há rebeldes (conclusão 4) e eles tem o mesmo discurso besta dos nossos (conclusão 5)

Paris vive.

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