sexta-feira, janeiro 23, 2004

Minha jornada chega ao fim, estou satisfeito. Vou para casa com experiências valorosas e divertidas nas costas, não pesam. A mala volta da mesma forma que veio, não comprei nenhum souvenir para mim nem para ninguém. Os novos CDs vão na bagagem de mão. Devo lhes dizer agora, no fim o que achei de Paris.

A primeira coisa que me chamou a atenção nessa cidade foi o sistema de transportes. Para quem vive em Salvador, onde só existe o sistema de ônibus falho e mercantilista, o metrô é uma gratificante surpresa. Paris é uma cidade ótima para o seu ego urbano: estou numa metrópole mundial e me locomovo com facilidade de uma ponta a outra da cidade sem ter que perguntar nada a ninguém. É bom. É barato.

Notei depois de andar mais um pouco que a cidade é, como dizem, linda. A beleza aqui brota do chão, das paredes, dos olhos azuis das moças, das sacadas, do teto, das vitrines. Paris é absolutamente linda, magnífica, grandiosa. Paris é um colírio.

Os parisienses é que não colaboram, "porque nada é perfeito", ouvi por aí. Mal humorados. Entram e saem dos lugares com sacolas, problemas... e livros. São muito esquisitos. Procuram sempre a linha de visão onde há a maior distância entre eles e os próximos. Principalmente com os turistas, mas também entre eles mesmos. Olham para baixo, para o outro lado ou para seus livros, revistas ou jornais. Lêem muito e falam muito pouco, são excessivamente presos às regras e convenções. "Se fossem legais seria o paraíso, e o paraíso não está na terra."

Existe porém, um nicho de resistência à chatice dos francêses, esse nicho se chama Cité Internationale Universitaire de Paris. Felizmente, foi onde eu passei a maior parte do meu tempo na França. Funciona assim: É um lugar enorme, um parque, onde vários países tem suas casas representantes, originalmente para abrigar estudantes de sua nacionalidade, mas hoje em dia, tudo é misturado. A Cité tem uma programação cultural intensa: tem dois teatros que sempre estão com espetáculos de dança, música e teatro, cada Maison propõe suas festas, shows e tudo mais. É um lugar que tem a felicidade de estudantes do mundo todo. Um contraponto aos cabisbaixos franceses. Aqui frequentei muitas festas e conheci pessoas interessantes.

Paris, na balança, não é um lugar ruim para se morar. É uma grande metrópole de onde se tem acesso à cultura do mundo inteiro através de museus, centros de cultura, bibliotecas etc... O estímulo e investimento na cultura aqui é muito forte, por isso, artistas e estudantes do mundo todo vêm para cá. É uma cidade densa, pesada, mas não é ruim. Porém, existem melhores. Em Londres e Bruxellas, por exemplo me senti muito melhor, o ambiente é melhor. Mas a beleza de Paris, não se encontra em outro lugar. É o melhor das arquiteturas e artes plásticas humanas, mas volto para o Brasil, onde vejo da melhor arquitetura da natureza.

Paris, au revoir!

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