segunda-feira, julho 21, 2003

Resovi, depois de muito matutar, dar uma chance ao meu amigo e sair com ele. Abri mão de ir pro show das bandas de rock adolescentes e fui para a casa dele encontrá-lo e de lá sair com outros 2. De noite eles iriam para o show do Charlie Brown Jr. e eu não. Não mesmo. Só se fosse de graça e perto de casa. Nem um nem outro, o ingresso custava 15 reais e era na sede de práia do Esporte Clube Vitória que fica longe daqui.

Fui com ele para o Aeroclube, um shopping à céu aberto dedicado ao entretenimento, tem cinemas, bares, restaurantes, lojas de quinquilharias inúteis, sedes de blocos de carnaval e 2 lugares de shows, um deles é o Rock In Rio Café onde haveria naquela tarde o horripilante show do Os Sungas (similar a Harmonia do Samba). Rodamos um pouco pelo nefasto Aeroclube (nefasto porque é um antro de falsidades, brincos, pulseiras e saltos altos e cabelos com água oxigenada) e os meus 3 queridos amigos resolveram entrar no Rock In Rio.

Por um momento, procurando algum lugar para descansar os olhos encontrei uma garota dançando o tal do pagode soteropolitano. Meus outros sentidos se anularam, bem como tudo à volta da garota. Eu só conseguia olhar para o movimento de seus quadris ainda tímidos mexendo só de leve, guardando o melhor para quando estivesse de fato diante do palco e não na fila de entrada. Quis entrar no show por esse momento.

Só por esse momento. Meus sentidos se recobraram e pude sentir o fedor do suor de mil pessoas que saía de dentro, ouvir os instrumentos da banda e o cantor desafinado tentando cantar enquanto rebolava. Não. Eu não vou colocar meus pés e principalmente meus ouvidos aí dentro. Música ruim me dá angústia, aflição, tormento.

Meus amigos entraram. Fiquei fora, comprei uma latinha de cerveja e me sentei num dos bancos que lá há. Desejei ter ido ao show de rock e deixado-os com seu programa. Desejei ter feito o que eu queria fazer do fundo da alma... Prometi nunca mais trair meus instintos. Já havia feito essa promessa antes. Desejei perder alguns dos meus valores e não mais fazer juízo de nada. Apenas andar para frente ou para trás conforme a minha vontade... Mas isso não acontece...

Mas pela terceira vez eu decido não ir a um show de rock e ele não acontece. Uma vez a fiscalização fez parar porque o som estava muito alto. Da outra teve uma briga tão grande que os músicos desistiram de tocar. Dessa vez pegaram gente fumando maconha (o que sempre tem, mas dessa vez foram olhar). De qualquer forma só fiquei sabendo disso depois. Naquele momento, no meio do Aeroclube cheio de risadas eu continuava decepcionado.

Encontrei o pessoal de uma banda 'aliada', já haviamos ponderado fazer um show em conjunto organizando tudo autônomamente, já que convite para tocar não cai do céu. Reforçamos essa idéia com rascunhos de planos, mas acho que até agora nada há de concreto. Havia encontrado eles na noite anterior, mas não havia como falar. Só ouvir. No palco estavam Los Hermanos.

Foi o melhor show que assisti nesse ano. Talvez o melhor que já assisti em todos os anos. Com simplicidade os rapazes fazem um som espetacular. Guitarras, barbas e camisas pólo. Estava lá com minhas amizades atuais e foi muito bom. Garantiu o meu final de semana... Posso dizer que estou com o espírito de bom humor hoje, mesmo sendo segunda-feira, já não sinto tristeza alguma. Ando hoje olhando para frente sem medo de pisar na bosta.

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