segunda-feira, fevereiro 02, 2004

A maior manifestação de união que já vi entre pessoas desconhecidas é a rodinha nos shows de rock. Pode parecer violento para quem vê de fora, mas eu já entrei num desses liquidificadores diversas vezes e nunca me machuquei, aliás, quando isso acontece com qualquer um, a ação se interrompe de imediato para socorrer o possível ferido. Os expectadores da Timbalada, por exemplo, costumam ser muito mais violentos e individualistas. Confie, eu já experimentei também. Por isso eu amo o Rock.

Nos últimos 5 dias eu assisti shows excelentes de Los Hermanos, Titãs, Rita Lee, Paralamas do Sucesso, Sepultura, O Rappa e Pitty. É o Festival de Verão de Salvador. Dizem que é o maior do Brasil em público, mas não estou seguro dessa informação. São 5 noites, cada uma com 5 ou 6 bandas de origens e estilos variados. Já é a terceira vez que compareço e sexta vez que o festival acontece. É uma grande festa onde os produtores ganham muito dinheiro e o público se diverte muito.

Estive lá todos os dias com um grande amigo, conhecido há anos. Gosto muito dele, porém, na maioria das vezes, nossa conversa se restringe à beleza e transitoriedade das mulheres em nossas vidas, num aspecto prático. Eu sou como um camaleão e algumas pessoas não gostam dessa minha característica, mas é essencial para se divertir com qualquer tipo de companhia. Eu me adapto, faço piadas não tão inteligentes e as pessoas riem. Muitas vezes eu desisto da possibilidade de convencer as pessoas de minhas idéias adversas, eu não tenho interesse em inserir meu modo de pensamento em ninguém. Mas não deixo de falar em algumas situações oportunas com gente disposta a discutir a beleza e transitoriedade das mulheres em nossas vidas, num aspecto filosófico.

Então esse amigo e os outros que comigo estavam não quiseram ir para o show do Sepultura, ficaram nas outras atrações do festival. Eu fui. E lá estava eu na roda desfrutando desse momento mágico, jogando aos ares pessoas desconhecidas no maravilhoso mosh. Vejo la uma silhueta conhecida, é o namorado da minha ex-paixão platônica e atual amiga, um cara muito legal. Nos comprimentamos e moça imediatamente veio até mim. Não nos falávamos desde que tinha viajado, era a única das pessoas importantes da minha vida com quem não tinha tido contato ainda.

Conversamos. Com ela e seu namorado, posso ser confuso e louco, posso discutir o assunto que eu quiser e me sinto bem assim. Dos meus vários Eus, acho que esse é aquele de que eu gosto mais. Ele se manifesta em outras companhias também, mas não ultimamente e eu estava sentindo falta de mim mesmo. Conversamos depois do show por algum tempo depois nos perdemos... Show é assim mesmo. Agora estou devendo alguns telefonemas. Viva a loucura, a liberdade e o Rock.

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