sexta-feira, fevereiro 20, 2004

Começou o carnaval em Salvador. As pessoas estão todas loucas, as mulheres e os homens saem com o mesmo objetivo animal. A polícia aconselha cuidado: os homens fardados, armados de cacetetes, machucam o povo. Os ladrões, muito furtivos, roubam os pacatos cidadãos que assistem a festa. Os gays - e as bichas - perderam totalmente a inibição e se beijam à vontade. Os heterossexuais fazem até pior e sem o consentimento do parceiro. Os trios elétricos, o axé cada vez pior, homogêneo e menos inspirado. As músicas de carnaval realmente boas são anteriores ao meu primeiro carnaval, eu só vi sobras delas. Mas todos ainda fazem questão de tocar, nem todos sabem. Pra falar a verdade, tem homem-branco demais no carnaval.

As árvores e o capim da cidade, o mar e eu continuamos os mesmos.

E eu consegui escrever uma poesia:

A Ordem

Não era um berço explêndido
Mas uma boa idéia nasceu
sobre os homens que caminham
E os que esperam sentados

Os caminhos podem se extender
Além de onde já fizeram ruas
As pedras podem ser removidas
... às vezes elas nem existem

Ninguém nasce com amarras ou correntes
O que prende os homens são ilusões
Fidelidade ao brasão do fardamento
Tradições que não merecem viver mais

Não se prenda no chão
Com medo de outro tropeço
Um sábio já aconselhava
Levanta-te e anda

Ele disse:
Sejam livres, meus irmãos
Mas pensamentos ainda são queimados
Na fogueira da santa ignorância

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