domingo, fevereiro 29, 2004

Vários tocos de madeira flutuando e eu vou afundar mais uma vez. Não sinto mais vontade de respirar, não sei se a luz desse sol imenso é boa pra mim. Só o sal e a água do mar. Não tenho vontade nem fome ou sede. Não quero um balde de água no rosto, não estou dormindo ou delirando. Não sei chorar nem mentir. Nada me move do canto escuro do quarto, nada.

Eu vou afundar mais uma vez só pra me sentir solto como só posso dentro d'água. Só pra não precisar fazer esforço nenhum por algum tempo, porque se eu me mexer vou perturbar algum tipo de ordem, se eu nadar será para a superfície, o nível do mar, o ponto zero nem mais nem menos. O zero é uma algema presa a um cabo de aço. Me soltei e vou descer para onde os raios solares não me alcancem e eu possa viver no escuro, sem refletir luz alguma, sem nada.

Quando meus pés encostarem no chão, vou dar o maior pulo que alguém já viu, para além das núvens.

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