sexta-feira, setembro 12, 2003

São alguns planos que não deram certo e o prazo para fazê-los memórias acabou. Memória fica da vontade, mas vontade não passa. Mas os sábados passam e suas noites são, cada uma, única, mesmo sendo todas de objetivo quase igual. Mas essa tosse não passa e é melhor eu não pegar o vento frio que faz no Forte. E é melhor eu não respirar a fumaça dos fumantes que lá estarão, e sempre há fumantes, e é melhor eu ficar deitadinho lendo O Primo Basílio porque tem teste na quinta-feira. E é melhor esse antibiótico funcionar porque essa gripe já passou do seu tempo.

São alguns planos que não fui eu quem fez mas que sou eu que tenho que realizar, e para estes eu não estou proibido por moléstia. Nada me impede de sentar aqui e digitar umas palavras, ajeitar bonitinho na página e imprimir para a professora legal que tem uns filhos legais, mas cujo pai não satisfaz já há algum tempo. Tenho também de falar sobre o que digitei, mas eu só digitei, será que eles não entendem isso? Eu só passei de um papel pro outro sem nenhuma interferência do meu cérebro. Nada neste papel que estarei entregando-lhe foi feito à imagem ou semelhança de algo que exista em mim, apesar de você ter, sim, me ensinado algumas coisas à respeito do tema.

São alguns planos que eu tenho para longe, ou que eu tinha para hoje e ficaram para amanhã. Essas coisas se acumulam de tal maneira. Você vai não fazendo e elas não te lembram que têm que ser feitas. Assim funciona com os esquecedores de coisas e assim vão acontecendo mais e mais problemas. Setor de disciplina, o senhor não está cumprindo com suas obrigações de pessoa, membro da sua família, de sua escola, de sua cidade, do seu sistema de transporte urbano coletivo, você, gerente único dos seus braços e pernas, decidiu ignorar o que seus olhos viram e aqui estão os resultados. Eu continuo trabalhando nessa instituição e haverão outros como você no ano que vem.

São aqueles minutos que vão-se embora com o tempo sagrado que duram. Aquele segundo em que ela olhou pra você com aquela cara e te disse que estava sujo junto da boca, e você pôde ver os seus olhos negros que vão no fundo de sua alma e viram no topo da sua pele uma sujeirinha. E riu quando falou. São esses minutos que duram uma eternidade na memória, um minuto na vida. E ela pega o guardanapo da sua mão e limpa seu rosto e me dá vontade até de chorar por um gesto tão simples ter me entrado tão fundo. Memória da vontade fica, mas vontade não passa. Estou em casa denovo esse sábado, alguém me telefone.

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