quarta-feira, novembro 26, 2003

Erguem-se as paredes em volta das construções, as escolas. As ruas da cidade não levam mais a lugar algum. Alguns medrosos se escondem atrás das trincheiras. Há um abismo. Os homens carregam suas armas, os fracos se escondem como podem. Os tiros cruzam e movimentam o ar, entram pelas janelas e abrem buracos nas paredes, destróem a fina porcelana. As balas ricocheteam no meu peito e caem soltando fumaça como se um balde d'água tivesse sido derramado sobre elas.

Ando livremente pelas entranhas da sociedade. Não sou prisioneiro do séquito de ninguém, não há quem me faça parar. Sou invencível. Sou eu. Sou de uma palavra só. Cumprimento e passo pelos que ficam parados. Os que andam comigo nada têm a temer, pois nada os afetará. Somos livres dessas pequenas batalhas dessas ridículas guerras que travam os homens sem noção de que é necessária a vida antes da morte, e não só depois.

Minha vida é muito maior que o período de um piscar de grandes olhos. A paisagem muda. Corpos outrora vivos despencam no chão: desistiram. Pessoas escondidas se mostram para o mundo. Uma vez feita essa decisão não há mais guerra, não há mais nada. Os soldados perdem aos nossos olhos a roupa verde e a arma negra. A brisa e a garoa vêm esfriar os canos das armas. E não nos causa resfriado.

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