quinta-feira, outubro 16, 2003

Hoje vou fluir. Cheguei em casa com vontade de ouvir Legião Urbana. Jonny era fera de mais pra vacilar assim. Estou com dor de cabeça. Aquele ginásio com aquela batucada e aquelas bozinas da torcida soando na minha cabeça. Olimpíadas Internas Baker. Baker é o nome do casal de velhinhos que fundou a escola. E eu ora na torcida olhando, ora na quadra jogando basquete. E o barulho é o mesmo.

Nada pra falar das olimpíadas desse ano. Durante as olimpíadas do ano passado, meu apartamento estava em obras e eu, para não ficar respirando tinta, passava o tempo todo no colégio. Não participei em nenhum esporte, fiquei só de espectador. E e uns amigos. E uma amiga... Aquele batuque, aquela gente, os uniformes... Tudo me lembava do ano passado. E eu ali deitado olhando pro símbolo do colégio estampado na parede. Foram semanas ótimas da minha vida. Mas eu não fazia a menor idéia.

Diário de um Poeta Morto - Outubro de 2002:

"Mas foi por Ela que me apaixonei, e o que tenho feito? Refinando a amizade, simplesmente. É uma amizade que me agrada muito, tenho conversado com Ela por toda a manhã. É uma conversa boa, inteligente... Não fico conversando sobre o pagode do domingo anterior com as outras... Com essas eu posso fazer as conversas filosóficas de que gosto... Quanto a Ela, é a melhor amizade que já tive com uma mulher, garota, menina, o que quer que seja... E estou satisfeito assim... "

"Por causa da obra, passo muito pouco tempo em casa. Vou para a escola, volto para almoçar, depois saio e só volto pra jantar e dormir... Eu não teria o que fazer se não fossem os jogos internos que estão acontecendo na minha escola. Olimpíada de Esportes. Poderia, mas não estou jogando nada, vou só para assistir... As vezes me arrependo, e acho que deveria ter jogado, as vezes nem me importo. Tem sido muito bom, porque Ela está sempre lá, e ficamos juntos conversando..."

Hoje, Outubro de 2003:

"És parte ainda do que me faz forte, pra ser honesto, só um pouquinho infeliz. Mas tudo bem."

Minha paixão aguda passou. Eu sou um bom amigo dela agora. E ela não está frequentando o colégio essa semana. Depois de uma série de desententimentos, ela acordou com a mãe agredindo-a. Está de mudança para a casa da Avó paterna. Isso foi chocante para mim. Meus pais sempre me trataram muito bem, pouco levantaram a voz para reclamar comigo. Só nos delitos mais graves. A mão nunca.

E eu tive que aceitar que minha amiga acordou sendo agredida pela mãe. Eu vi as marcas em seu corpo. No pescoço. E ela foi para a casa da vó. E ouvi também de um primo meu que seu pai segurou um revólver apontado em sua direção querendo saber quem dava as ordens no lar. E ele também foi para a casa da vó.

A vó e o apoio incondicional que os netos têm. Ou deveriam ter. Estive na casa de minha vó no começo dessa semana. Não. Não sofri maus tratos. Na verdade foi porque meu pai estava na cidade e é lá que ele fica (meus pais são separados). A casa da vó é o aconchego incondicional que os netos têm. Chega de maldade e incompreensão.

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