domingo, outubro 19, 2003

Estou um tanto descrente com a humanidade e comigo, humano. Eu não entendo... Eu não entendo que questão cultural ou que trauma infantil pode fazer uma pessoa agredir a outra conscientemente. A mão dura no crânio por nada. Oito mãos, oito pés e uma vítima. Dois colegas que fugiram e deixaram lá meu amigo. Ele chegou aqui com o olho roxo. Estava ao lado dele, coloquei gelo no seu rosto e ouvi a historinha.

Dexei ele pegar o telefone e quando eu vi ele estava cominando com uns cavalos o revide. Aí eu fui contra, e como amigo aconselhei-o. Ele não me ouviu e provavelmente vai aparecer com o olho roxo denovo mais tarde. Brigas não são unilaterais. E eu não gosto de brigas físicas. Eu não gosto de guerras. Eu não gosto de violência. Eu uso a minha voz para resolver impasses, quando consigo. Quando não consigo, me dou por vencido. Aquela pessoa não está mais comigo, vou procurar outro que siga ao meu lado.

O orgulho e a vaidade... Sim, eu tenho essas duas coisas. Eu sou um ser humano e tenho minhas falhas. Tenho meus momentos de nervosismo e irracionalidade e isso me dói também. Ninguém foge dos 7 pecados capitais. Há aqueles que entendem isso e os que vivem na bolha de ignorância e acham bom viver. E há os arco-íris, o sol todas as manhas e a chuva não faz gripar. Eu vejo tudo e choro.

A vida está seguindo bem, há coisas legais acontecendo mas eu... Não consigo me animar diante delas. Passo quieto, calado. Sento no banco e vejo os outros passarem felizes sorrindo e gritando nomes de colegas, de amigos, namorados... E vejo que tive a oportunidade de ter tudo isso que eles têm e não agarrei porque na hora eu não quis, porque não me parecia certo...

Ao meu redor as coisas acontecendo, eu cumprindo minhas obrigações, meu lazer. Eu me divirto sim. Há os momentos bons da vida, mas são momentos de alegria. Minha felicidade... Poxa... Não sei onde ela está mais. Aquela paz que eu sentia enquanto andava pela rua, acordava cedo e não reclamava da água fria. Estou cansado agora. Das coisas de sempre de que eu não participo nunca. Da minha inércia, no meu medo...

Minha vontade é de chorar, mas eu não consigo. Eu sou incapaz de produzir lágrimas de dor. Há um vazio dentro do meu corpo. Ecoam sons. Eu sou uma caixa acústica e vibram minhas cordas vocais... Onde estão meus versos? Onde estão meus versos? Estou parado. A caneta vermelha das noites de insônia deve ter secado. Não me vêm mais à cabeça aquelas metáforas... Já devo ter escrito algo sobre esse momento. Esse momento já dura muito tempo.

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