quinta-feira, junho 19, 2003

Nós, os humanos, nos importamos muito com coisas inúteis no nosso dia-a-dia. Quando eu era criança eu não entendia porque os adultos bebiam cerveja tão devagar e não lutavam pelos preciosos amendoins na mesa. Hoje eu sei que beber cerveja não é para matar a sede. Hoje eu sei que comer mais ou menos amendoins não faz a menor diferença... Mas tem gente que parece ainda se importar com essas futilidades.

É a alma humana que é assim mesmo. Alguma coisa não deu tão certo assim na síntese das proteínas que nos deram a origem e nós acabamos ficando assim. Vaidosos e gananciosos. Nunca estamos plenamente satisfeitos. É da natureza do homem querer mais do que o que se tem. E o que se tem? Dinheiro, computador, carro? Respeito, realização, amigos? É uma questão de valores que se perderam para a maioria de nós, os humanos.

Não é saudável se apegar às coisas táteis. Nos prendemos a elas e além disso, tudo de material é efêmero. E tudo de material é extremamente valorizado pela sociedade em que eu vivo. O velho clichê do "ter substituindo o ser". Velho porém válido. Dinheiro é uma merda. Dinheiro guardado não vale nada. Dinheiro na mão de um só não vale nada. Foi o homem mesmo que deu valor ao dinheiro para achar alguma justificativa para se achar melhor que os outros. O homem é ganancioso e naturalmente compete com seu semelhante. O homem precisa de poder.

Quem tem mais dinheiro é o mais forte. Dinheiro compra comida, mas como é que pode? Comida nasce da terra. Do chão. E de quem é o chão? Quem deu o chão a este homem? O que ele tem que eu não tenho? Dinheiro. O dinheiro separa as pessoas. Para mim o dinheiro só é útil, na microescala da minha vida, quando eu posso dividí-lo com outras pessoas. Não é dando 10 centavos a cada um, é comprando uma pizza para todos comerem se divertindo, pagando a entrada do cinema para um amigo que não pode pagar... E eu não cobro depois.

Este não é um texto a favor do comunismo. Eu não acho que esse sistema funcionaria justamente porque os humanos não suportaríam serem todos iguais. Em cuba, o povo está quase todo no mesmo patamar. Quase todo. A família de Fidel Castro vive, come e bebe do bom e do melhor. Ele é só mais um ser humano com poder. Como disse-me um dos comentadores, o homo sapiens sapiens não é o último estágio da evolução humana. A micro-consciência individual é só o começo.

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