terça-feira, junho 10, 2003

Daqui a dois dias estarei passando por um ponto importante da minha carreira musical. Se tiver sucesso darei passos importantes, senão volto algumas casas no jogo. O sucesso não depende só de mim nem dos outros membros da banda. Vamos fazer nossa parte com dignidade, mas haverá duas outras bandas em situação parecida. É a grande Máquina do Som. Reduto cultural dos estudantes de Salvador.

A Máquina do Som é um evento multi-cultural idealizado por dois professores secundaristas que ouvem Rock'n Roll de qualidade e viam a juventude sem espaço. Todo mundo precisa de espaço. Eles então criaram esse espaço. Já é o quarto ano da Máquina e é um sucesso. Ir ao Teatro Módulo numa noite de Quinta-feira é obrigatório para os estudantes que querem interagir com o espaço.

Funciona assim: se você souber fazer qualquer coisa interessante, como dançar, cantar, assobiar, andar com um pé só ou fazer caretas engraçadas, você entra em contato com o grêmio de sua escola, eles te inscrevem no evento e você está lá. Vai mostrar a sua arte.

Claro que o grande trunfo do evento é o concurso de bandas. Em cada programa duas ou três bandas tocam e uma delas se classifica para a final do evento que acontece em meados de outubro. O vencedor grava CD, video-clipe e acaba ficando conhecido no cenário altenativo...

Eu vou tocar nessa quinta-feira. Está no cartaz da divulgação: "Banda Chevete Verde (Colégio Dois de Julho)"... Estou ansioso... E é assim que vou passar o dia dos namorados, tocando para outros casais. Mas não cantarei uma canção de amor nem de ódio. O público geralmente pede uma canção de revolta, darei-lhes uma. "O Homem Amarelo, O Homem de Argila" é a música. Já postei a letra aqui.

Em homenagem à minha solidão nesse, e em todos os dias dos namorados até agora, escrevi isso:

Nada Houve

Procurando algo ainda branco
Para fazer retrospectiva do nada que houve
Esperança de ter criado alguma lembrança
Como pude perder o que nunca tive?

Lembro-me de nada
Nada houve

Criando a memória do detalhe do vestido
Usado no baile em que não dançamos
Não consegui entrar no cobiçado salão
Como pude perder o convite?

Ouço nada
Nada tocou

Querendo fazer as pazes pois estava errado
Na discussão infantil que nunca tivemos
Não quis enxergar o que estava claro
Como pude fechar os olhos?

Vejo nada
Nada passou

Sangrei um vermelho que nada pintou
Chorei poesias que ninguém ouviu
E não houve quem consolasse meu pranto
Meu passado está em branco

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