segunda-feira, junho 16, 2003

Meus pais não me forçaram a ir para a igreja aos domingos. Eu não experimentei toda a ostentação do ouro das igrejas católicas de Salvador, a cidade com o maior número de igrejas no mundo: 365. Quando eu era criança e não tinha as respostas, a fé não pode me consolar. Eu conheci a teoria do Big Bang antes de conhecer o gênesis.

Nenhum tio ermo me iniciou em nenhuma religião pagã. Eu nunca participei de nenhum ritual de iniciação em córregos no meio do mato. A primeira vez que vi um pentagrama foi no símbolo de um jogo de PC chamado Pagan, Ultima VIII. Para mim era só isso. Eu não conheço o nome dos Deuses supremos da magia branca ou negra. Eu não controlo as energias ao meu redor.

As mães dos meus amigos nunca conseguiram me levar para centros espíritas. Eu nunca senti a presença de almas ao meu redor. Meus dentes não batem de frio à 30º quando algo ruim está para acontecer. Nenhuma alma me achou conviniente para levar mensagem à alguém. Nem para me pertubar o sono. Nem para me meter medo. A brincadeira do copo comigo nunca dava certo.

E tudo isso me faz, hoje, uma falta enorme. Eu não tenho uma religião. Eu não tenho em que acreditar e acredito em quase tudo. Estou cansado dos livros de física e das teorias da super interessante para explicar o que ocorre no cérebro da pessoa quando ela tem fé. Eu quero ter uma fé. Eu quero ter algo em que me apoiar... E não venham me dizer que isso é perdição da racionalidade. Eu estou cansado de ter uma explicação científica para tudo. A vida não é só isso que se vê.

Eu já senti energias fortes. Eu já senti um lugar me incorporando como o chão incorpora uma semente e a árvore brota do chão. E eu não faço a menor idéia do que isso é... Eu sei que não vou encontrar um livro com todas as respostas. Nem quero um que prometa isso. Eu quero algum sustento para a minha alma.

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