sexta-feira, junho 13, 2003

Luzes, sons, meninos e meninas de preto expressando amor por bandas que provavelmente mal conhecem, outros mais eruditos, penteados estranhos. Um teatro. A Máquina do Som estava começando. Meu nervosismo começava a atacar. Em breve estaríamos no palco tocando nossa canção, tentando mostrar nosso valor para um público de alguma forma exigente. Mas eu já estava lá bem antes disso.

Cheguei 4 horas antes do início real do evento. Conheci os bastidores, ajustei todos os equipamentos de som, volume da voz, violão, baixo, teclado, guitarra, bateria. Passagem de som. Fiz amizade com todos os técnicos de som, o que ainda melhorou quando estes ouviram a banda tocar para confirmar a configuração da mesa. Tínhamos opniões confiáveis do nosso lado. A passagem de som das outras bandas não tinha sido tão bem avaliada pelos conhecedores.

Chegou finalmente a hora do show. Fomos a primeira das três bandas a tocar. Entramos, tocamos. Convoquei os meus colegas para a frente do palco. Não foi necessário, já estavam todos lá. Todos os conhecidos e muitos desconhecidos querendo conhecer essa banda de nome exótico "Chevete Verde". Agradamos e agradamos muito. Pulavam! "Viva toda a expressão artística baseada em sentimentos reais e não em motivos capitais. Viva o cenário alternativo baiano!" Eu dizia ao microfone nas pausas da melodia. Aplaudiam! Sucesso!

As outras duas bandas tocaram. A terceira foi um grande fiasco. Fora de cogitação. Estava entre nós, da Chevete Verde e eles da Revel. Eu não tinha a menor idéia de qual de nós era o favorito. Estávamos, na minha opnião, no mesmo páreo. Os jurados subiram ao palco. "Antes dizer qual das bandas se classificou para a final da Máquina do Som, gostaria de destacar alguns músicos: O guitarrista da banda Revel, o baixista da Verve Mecânica e o cantor da Chevete Verde."

O cantor da Chevete Verde sou eu. Aquilo tinha me felicitado um pouco, mas eu esperava mesmo pelo resultado final. Era só o que importava para mim. Depois que o resultado final foi anunciado, várias pessoas vieram me dizer que não concordaram, que os juízes erraram. O público era quase unânime: a decisão estava errada.

Se estava errada de fato, então ótimo porque nós não ganhamos. Não ganhamos a passagem para a final da máquina do som mas ganhamos o público. Ganhamos a simpatia de membros de outras bandas. "Quando eu vier tocar na Máquina vou dizer que estou tocando em nome da Chevete Verde que foi injustiçada."

É isso que vale a pena. O público. A valorização no cenário. Uma das bandas cujos membros nós conhecemos lá se interessaram em fazer um show conjunto com agente. Estamos entrando de cabeça. E como eu falei no final da música: "O Chevete Verde continuará rodando."

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