quarta-feira, outubro 26, 2005

Outro dia deitei na rede e vi a lua cheia na mesma posição. Não sei de datas, dessas marcações mundanas do tempo, mas eu soube que fazia um ciclo de lua desde aquele momento tão feliz. Andava hoje pelo dia de sol, céu azul puro e virei para cima as palmas das mãos. O calor se concentra nas palmas das minhas mãos e eu tenho energias para tudo. Hoje existe o silêncio.

Um silêncio denso, no ar, apesar dos barulhos dos carros correndo, dos livros caindo das mãos descuidadas, da risada da criança, do rádio tocando música ruim, dos passos rápidos, dos carros freando. Silêncio difícil de quebrar, que se extende e se extenua à medida em que se extende. Cada minuto sem a uma voz e o ar pesa mais. Existe a vontade do grito, o direito ao grito, mas o temor ao silêncio.

Existe a saudade do silêncio harmonioso que havia quando os olhos se olhavam, um pouco encabulados um do outro, um pouco sem saber, mas com a confiança suficiente para eliminar a necessidade de palavras. Outro dia, fez um ciclo de lua. Hoje tenho o calor do sol se concentrando em minhas mãos, pois preciso de energias para prosseguir no caminho de viver.

Eu grito para dentro. Este silêncio que há agora carece de palavras.

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