domingo, outubro 24, 2004

Carta...

Imagino agora que eu poderia estar te tocando, que eu poderia ter te beijado ontem à noite, que muitas coisas já poderiam ter acontecido em minha vida, não só ontem, não só você. Da última vez que aconteceu eu prometi que não ia mais, nunca mais, me calar diante de uma oportunidade. Me sentei ao seu lado no banco do ponto de ônibus, você, sozinha, ia pro mesmo lugar que eu - eu sabia com certeza, porque às vezes as coisas são sabidas assim, sem nenhuma pista. - E me calei.

Estando lá, te vi de novo por mais umas duas ou três vezes, duas ou três vezes me calei. Não enxerguei o que podia acontecer, não enxerguei o tamanho da oportunidade diante de mim, não enxerguei que estava ali o que eu queria, o que eu desejei. Eu sonhei com isso e na hora que aconteceu, aconteceu de eu me esquecer do sonho, de eu fechar os olhos e continuar andando só.

Eu ainda não aprendi, mesmo depois do que já passei, que as coisas podem acontecer - é só a gente fazer, como já fiz antes. - Ainda não aprendi que não depende de tantas coisas assim, que não ser conhecido seu até então não era problema nenhum, porque as pessoas se conhecem mesmo é na vida e a vida está acontecendo.

Se eu te vir de novo, prometo não me calar.

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