terça-feira, maio 25, 2004

Fluxo

Nada mais faz sentido depois desse porre paranóico. Vêm os homens atrás de você e seu corpo corre. Toda a força, mas eles são rápidos. Choveu mais cedo e o chão está escorregadio agora à noite. Seu passo afobado não resiste, a sola dos seus sapatos não segura, não te empurra do chão. É escuro, você não vê muito. Queda feia, mas não há tempo para o sangue cair e a dor se alastrar. Eles chegaram.

A neurose destilada começa a se desconcentrar, mas os olhos ainda não podem abrir. É até melhor assim. Só há desgraça e desordem na rua, do lado de fora. As pessoas sobem na condução com suas expressões, profissões, sacolas e problemas. Ninguém se olha, se ouve, se entende. Descem da condução e nunca mais voltam, nunca mais se vêem. E que vai obrigar? Ensinam isso na igreja. Onde está...

Um soco no estômago. Acorde. Está na hora. A cidade já amanhece e você deve ir. Resista às suas dores e aja como homem. Esqueça que um dia você viu nossos rostos e esteve aqui. Siga com sua vida e boa sorte.

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