quarta-feira, julho 06, 2005

Senhoras se incomodam com minha presença intrusiva no espelho do elevador. Desconheço o tema sobre o qual elas conversam, meus fones de ouvido, ainda bem, me impedem, tocando um hardcore que mal entendo, mas pelas palavras que pesco, está ofendendo os parentes das pessoas ricas, como aquelas senhoras. Não quero ouvir papos chatos sobre farinha de trigo, netos que não dão trabalho e lugares onde se encontra roupas bonitas e mais baratas. Estou longe delas. A física é capaz de medir distâncias atrás de espelhos.

Cálculos duvidosos que eu aprendo às sete horas da manhã e em que fico pensando quando subo o elevador com senhoras que olham estranho. Quarto andar, boa noite. Sozinho com as ofensas gratuitas nos meus fones de ouvido. Sei pela minha experiência, faltam seis segundos para que eu chegue em casa, talvez a fechadura resista um pouco, ela precisa de algum tipo de conserto ou óleo lubrificante.

Óleo para o deslize. Um deslize e parlamentares em pânico se ofendem muito mais que os cantores raivosos que já desliguei, mais sons mecânicos, mais ofensas - dessa vez não são gratuitas, mas pagas e muito caras. Questão de ordem. Prefiro ficar distante dentro do espelho. Som harmônico do meu violão se propaga segundo as leis da física, não penso mais nisso.

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