quarta-feira, julho 27, 2005

É só um chuvisco, mas toda tempestade começa com uma gota d'água. Sinto o vento feito do frio que sobrou da noite quando saio de casa às seis da manhã, fazer para mim um dia novo. Uma aura de sons psicodélicos me protegendo dos barulhos feios que os carros fazem, que as pessoas fazem. Mãos no bolso. Evito olhares. Tenho medo de ter os meus sapatos.

Sinceramente, eu entendo, sim. Eu realmente pensei no que estou falando. O céu vai mudando de cor devagar. Meus olhos transitam entre as frases, meio perdidos nas esquinas, nas vírgulas, nos cruzamentos. Estou indo para onde, mesmo? Os livros. Não, os livros não mudam de cor. Está passando um rapaz numa bicicleta amarela, embaixo do céu. Uma dessas luzes acesas, aqui em cima, é a minha janela.Olha...

As luzes dos prédios como um míope, nú, as vê. Este é um recado completo. A diferença não está em um número, é algo complexo, a óptica explica em seus livros estáticos, imóveis, sobre os quais tenho que me debruçar enquanto, na verdade, filosofo sobre a brancura inerte do teto. Um inseto circunda a lâmpada. Se protege da chuva.

O pior já passou, lá fora é só um chuvisco. Toda tempestade termina com uma gota d'água.

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