quarta-feira, julho 13, 2005

Não enxergo muito bem os papéis que me dão, o teatro chora ao invés de rir. Falta ao ator uma peça. Tragédia, pessoas fazendo papeís de ávores, fileiras de eucaliptos. Passa por esta Terra um roteiro. Ando a me preocupar, o mundo é um lugar perigoso. É preciso ter muito cuidado: no escuro, substâncias isômeras podem nos confundir.

Aplausos. Foi uma excelente exposição, agora treino o preenchimento de lacunas em papéis. No final disso tudo testaremos nossas competências... Talvez haja alguma referência literária na minha vida, talvez eu me transforme numa citação, talvez me perguntem sobre isso. O público não quer que as respostas lhe sejam dadas assim, tão objetivamente e há nisso alguma beleza. Já estou embaixo deste teto há muito tempo.

Dou ao céu um voto de confiança, que não haja mais precipitações hoje. O teatro se preenche de cadeiras vazias, silêncio e escuridão. O roteiro que sigo até a minha casa é cheio de lacunas, as ruas são cheias de domingos, mas não enxergo muito bem. Olho para trás a procura de algo de memorável, é preciso ter muito cuidado: nos meus olhos, as lágrimas de alegria e de dor podem se confundir.

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