sábado, junho 12, 2004

Vou crescendo e aprendendo a gostar das mesmas coisas que o meu pai. Caetano, Cazuza, Cerveja. A luz que vêm dos lares, das casas, dos apartamentos... A luz se mexe. As conversas dos outros parecem estúpidas, eu penso em coisas muito mais nobres, mais complexas, mais compensadoras. Só eu cresço e conheço a dimensão do mar, a distância entre o céu e a terra, entre os belos e os feios, os sábios e os opacos. As outras mesas do bar não são tão boas quanto a minha. Meus amigos compartilham ou não da mesma visão. São melhores que os amigos dos outros.

A história de minha vida vai se escrevendo de domingo em domingo, a cada desnível etílico uma nova idéia, uma nova concepção. Um verso, uma frase, uma música. Aquilo que me faz respirar, cuidar de minhas mãos e de minha garganta: eu vivo porque posso ouvir e cantar. Ouço porque me dá prazer e faz valer a pena o tempo que passo em silêncio, nas vozes obtusas. Canto porque o som move oceanos, o som é uma ponte e não há ilha em total silêncio.

Eu vivo assim. Disso. Por isso. Não me diga que estou errado, que eu não vou ouvir. Muito pouco, ou pouco muito? Tudo.

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