sábado, março 15, 2008

Reticências

Vejo as partes do mundo, as pessoas, as coisas, funcionando e formando um todo, uma unidade, e sou um. Comparando os acontecimentos das mais diferentes escalas, entre nações, pessoas, formigas, vejo que tudo não é só muito parecido, tudo é uma manifestação da mesma coisa. E mesmo assim o mundo é tão plural...

Então nós temos que viver, mesmo com a consciência de tantas coisas que existem e nós não podemos apreender, tocar, experimentar. Às vezes corremos desesperados para viver todas as coisas boas, andar por todos os cantos, fazer todas as trocas... E talvez não seja bom, esse desespero.

Porque se tudo é uno, se eu sou tudo na medida em que sou uma parte de tudo, tenho que escolher que parte é essa que eu vou ser. Porque parece, realmente, que a gente pode fazer tudo, que o mundo está muito rápido e vai dar tempo de pular de paraquedas e ver os melhores filmes e saber tudo de vinho e ter belos filhos... Mas eu sinto que é preciso escolher.

É difícil.

5 comentários:

tarciso disse...

...isso de escolhas é a mais concreta das verdades - mas tem o outro lado - as nossas escolhas também foram determinadas e, em certa medida determinam como somos também escolhidos ou ignorados pelos que nos rodeiam... nunca saberemos tudo de forma absoluta, mas sabendo um pouquinho da parte que nos toca também, relativamente, saberemos um pouco do tudo... that´s it... or not...

Tainã Alcântara disse...

Cada dia que leio algum escrito teu me assusto mais
Pra mim (que sou sua fã declarada)
me parece que você sempre sabe o que eu estou pensando
o que de certo modo é ridiculo, já que você não me conhece, apenas por blog
Mas olhando pelo angulo que você escreve nesse ultimo, não é tão ridiculo assim
já que somos todos parte de uma coisa só
de modo plural
mas incontestavelmente um só!
e se eu pudesse realmente escolher o que seria, queria ser como você
e declarar tudo o que todo mundo pensa através de palavras escritas, digitadas na tela do computador!

Texto fantástico!

Parabéns!

yuji disse...

que bom que podemos ao menos escolher entre coisas belas.

juliana disse...

mas imagine o quanto seria triste se fosse fácil.

Kinho disse...

Já leio há bastante tempo seu blog e não me surpreendi com esse texto. Pra mim ele é como os demais: verdadeiro, pertinente e, não menos, belo.
Mas eu não sinto falta de decisões no cotidiano. Eu acredito que não tomar uma decisão, já é fazê-la. Talvez seja por isso que percebo muita gente tomando diversas decisões; porque essas, a de não fazer nada, mesmo sendo uma decisão, é muito fácil, e todas as consequências são facilmente justificadas.

Obrigado por nos mostrar mais verdades.
Ah, tive a pretensão de colocar seu texto em meu blog, mas não por inveja ou algo do tipo, apenas porque acredito que essas idéias devem ser disseminadas.