quarta-feira, setembro 21, 2005

Um estranho, eu. Não me reconheço no espelho, no vidro do ônibus, minha cabeça encostada, vento do mar no meu rosto, mais na frente um menino sentia o prazer deste vento e queria sorrir, estava num tempo sem refletir. Eu não me reconhecia e no engarrafamento parou de ventar tão bem. Olhos para baixo, minhas mãos nervosas se mexendo sem motivo. Sem propósito.

Como é que vou escolher o que fazer, se nem sei o que quero, onde eu quero chegar com isso tudo? Não posso parar para pensar agora, senão eu destruo minhas opções. fecho meus caminhos e caio num buraco mais razo que minha altura, onde não poderei nem me esconder. O que está acontecendo? Isso tudo foi inesperado, isso tudo hoje. Não sei e não devo ficar advinhando as coisas, ambigüidades podem incomodar desavisados. Deixo claro que já acordei assim.

Não entendo meu próprio olhar no espelho, no vidro do ônibus. Só sabia que queria chegar em casa e poder parar as pernas, fechava os olhos no caminho e quase dormia durante a caminhada. Cansado e sujo. Enquanto tomava banho, aproveitei a água caindo no meu rosto e chorei, sem nem saber porquê.

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