quinta-feira, agosto 18, 2005

Uma mulher, no primeiro instante parecia uma mulher, no segundo uma criança e foram só dois instantes. Me apertava bem forte, me segurando, e gritava no meu ouvido, em desespero, em pânico, antes de ser engolida pela escuridão: "Não vá embora!" Acordei assustado, soprava um vento frio, a porta de meu quarto estava aberta, depois dela uma escuridão ainda maior. A porta de meu quarto está com a mania de abrir-se sozinha, às 3 da manhã. Deve ser assombração.

"Assim você só engana a si mesmo." Diziam-me os pedagogos há quatrocentos anos. As idéias estão encontrando dificuldade de emergir dos ermos de minha mente para a tosca zona da consciência. Por isso nunca mais sonhos, por isso aquelas imagens confusas, aquela casa marrom-branca, cheia de colchões e pessoas dormindo, por isso a mulher grita.

Sentia frio, meu lado racional acordou e me levantei para fechar a porta. É preciso prestar mais atenção nas vozes. Há armadilhas em todo canto, não vejo o fundo do mar em que nado. Se a tal da força derrubará as barreiras, se o grito vai sair, se vou realizar a minha poesia... Se eu vou... Se eu vou.

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