segunda-feira, agosto 29, 2005

Me lembro de quando tive a estrelinha na minha mão. Me perguntavam o que era aquela luz, eu sorria calado, não precisava que eles soubessem, mas para que soubessem bastava que vissem o brilho bobo nos meus olhos. Então souberam. Mantive as mãos abertas o quanto pude, mesmo querendo segurá-la, mesmo querendo que ela ficasse para sempre, não a apertei muito. Não tinha a pretensão de ser dono de uma estrela.

Ela brilha sozinha, sem ninguém. Saiu voando pelo céu, a estrelinha, para brilhar na noite inteira, para todos os olhos. Ela também tem o poder de querer e não querer, mesmo sem saber direito disso. Ela pode sumir no horizonte e chorar no escuro, pode se esconder na luz do sol, que é maior, e passar um dia inteiro em silêncio, sem prestar atenção em nada, em ninguém, só nela mesma.

São coisas, enfim, que eu, aqui na penumbra, na janela, com minhas mãos ainda abertas, também preciso ouvir. A estrelinha, tão pequena, emitindo tanta luz para tantos olhos miúdos, deve se cansar de tantas explosões. Não se pode ter nas costas a responsabilidade de uma estrela. Ela, na verdade, é humana e tem que viver um pouco de música. Ela não precisa ser nada de mais, não precisa ser tão legal.

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