sexta-feira, janeiro 28, 2005

Fui ver a beleza e harmonia implantadas, artifiais, mas que, porém, me agradam os olhos que não sabem de nada disso, das praças do centro da cidade, encontrar uns meus amigos e sentar para falar qualquer coisa interessante ou divertida, descer a ladeira para ver o mar, com sua paciência inebriante, que me fascina, e não falar nada por um tempo. O barulho das ondas é sincronia pura, é perfeito, é quase um silêncio.

Fui ver essas coisas, mas vi crescer, agigantar-se e avolumar-se diante dos meus olhos a feiúra medonha e nauseabunda dos palanques do carnaval. Arquibancadas, camarotes, vigas de ferro, tapume, grades e toda a separação, todo o apartheid que isso, e que o carnaval, representa. E de cada lado da rua uma marcação, para o turista não se perder, centrais de informação com ar-condicionado e tudo sendo pintado com cores vivas e muito mau gosto.

Mesmo assim eu consegui ter uma noite ótima e cheia de beleza, de fluência, de sincronidade. Vimos o nascer do sol, mesmo sem ver o sol nascer, estávamos do outro lado do céu. Lindas tonalidades de azul surgindo e se modificando conforme os minutos passavam. Acho que foi a noite mais rápida da minha vida. Quando tudo flui, o tempo perde a marcação e a gente nem sabe mais a diferença exata entre dois passados.

E o mar desdenha de tudo, continua seu movimento indiferente às nuances de minha emoção. O mar que já viu tantos carnavais.

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