terça-feira, janeiro 11, 2005

É inevitável estar o tempo todo pensando em frases, às vezes versos. Assumi que escrevo, é uma das coisas que faço, apesar de não me considerar ainda um escritor e nem que eu escreva tão bem quanto já ouvi em elogios aos quais nunca sei reagir direito. Penso, apenas, o tempo todo, em frases bonitas, bem estruturadas e com ambigüidades propositais, histórias alegóricas, imagem de um dia perfeito em pote de margarina, comparações entre palhaços e poetas.

Então eu estava deitado na rede, olhando o mar e pensando em algo a dizer sobre a linha do horizonte, porque eu conseguia vê-la quase inteira, eu estava numa ilha sem grandes construções humanas, mas de grande requinte na arquitetura natural. Eu voltaria para a cidade do Salvador naquela mesma tarde, balançava-me preguiçoso e já um pouco nostálgico quando meu pai me chamou, insistiu e me convenceu a dar um último mergulho.

Lá eu só andava descalço. No caminho para a práia, furei o dedão do pé esquerdo numa farpa de madeira, poucos passos depois, uma pedra tirou uma fatia da sola do mesmo pé, com algum sangue de quebra. Ainda não acabou: pertinho da práia, tropecei (com o pé esquerdo, lógico), não caí porque me apoiei com o braço, acabando por ferí-lo um pouco.

Com todas as avarias, entrei no mar. O sal da água me fez arder as feridas, o impulso do reflexo nervoso era de voltar para a areia, mas felizmente a consciência foi mais forte e pude resistir. Não me arrependo de nada.

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