domingo, dezembro 12, 2004

História...

Me perguntam às vezes porque eu guardo as partes desse prendedor de cabelo quebrado. Eu não respondo a verdade, sempre invento qualquer coisa ou desconverso, mas eu guardo para me lembrar... E eu me lembro bem.

Quando eu estava confiante para fazer todas as coisas certas... Estávamos sentados no terraço de uma pequena casa de shows, havia grupos de maconheiros, de conversadores, havia nós. Ele era meu amigo e não a conhecia, conhecia, porém, os meus anseios. Advinhou, sem querer, a data do aniversário dela e apartir daí a moça se encantou. Fiquei muito ciumento e perdi toda a confiança que tinha no caso, para não recuperá-la nunca mais.

Depois, não adiantava mais evitar porque ela perguntava por ele. O rio seguiu seu curso e não haveria de chegar noutro lugar que não o mar. Eu percebia tudo, porque tenho esse costume de ver por dentro das ações simples. Eu já estive nessa condição, eu sei como é. A gente faz as coisas com um único objetivo, depois fica tentando convencer aos outros e a si próprio de que foi por acaso ou por algum outro motivo besta, mas é porque a gente queria estar por perto mesmo, não há como negar.

Eu ficava tentando inventar coincidências entre nós dois, algo que superasse a advinhação do aniversário, era inútil.

O prendedor de cabelo quebrado, que eu guardo até hoje entre alguns ítens exóticos que colecionei nas terras por onde andei, serve para eu me lembrar. Eu errei. Eu sei que errei e errei por muito. Que eu devia ter, há muito tempo, dado o segundo e o terceiro passo, mas fiquei parado. Serve para eu me lembrar de nunca mais demorar tanto para falar algumas coisas, porque a vida está aí, as pessoas estão aí e elas se encontram.

Às vezes olham fotos da festa e dizem que a menina é muito bonita, perguntam se ela é minha namorada. Engulo seco e respondo que não, penso mudo que poderia ser, se eu tivesse sido mais corajoso.

Foi por um tempo, mas não é mais nada pessoal. Às vezes eu me lembro dessa história, mas é pensando muito mais em mim do que nela. Ela seguiu o curso do rio e chegou ao mar com meu amigo advinhador. Eu, hoje, procuro alguém com quem exercitar meu aprendizado.

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