sábado, novembro 20, 2004

Não quero ir dormir agora, a varanda tem uma vista muito bonita. A noite aqui é muito mais escura, é urbano meio que sem ser.

Essa semana, acho que pela primeira vez, tive vontade de ir embora e me sustentar. Me ocorreu, enquanto eu bebia água, abrir mão de alguns privilégios para poder discutir algumas coisas. Atualmente, não me julgo no direito de discutir nada, só de aceitar e quando não aceito, me sinto errado. Me sinto olhando os dentes dos cavalos dados.

Eu sei que ela ainda faz muito mais por mim que eu por ela, que eu por muito tempo fui egoísta e egocêntrico, mas hoje em dia tenho na consciência que tenho sido um filho melhor. Não é só no campo prático, não só nas ações visíveis, não é só quando eu instalo a antena da TV para ela ver novela, toda vez que dá defeito. É nas coisas pequenas (ou muito maiores). Não sei se ela nota - só fui entender a grandeza de certas atitudes de meus pais muitos anos depois, de algumas ainda não entendo. Não sou daqueles que ficam anunciando as bondades que fazem.

É tempo de muito trabalho para ela. O dia inteiro e ela chega exausta, às vezes estressada e eu procuro entender. Por outro lado, vejo que a vida da minha mãe está melhorando. Vejo-a com mais amigos, saindo, se divertindo... Isso me tranquiliza, pois em breve vou tomar minha estrada e quero ir sem ressentimentos, medo ou culpa.

Agora já posso me deitar.
(Isso foi preciso)

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