sábado, novembro 26, 2005

Estamos todos sós. Na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, até que a morte nos reúna.

Tenho um desejo mordido e frustrado de me comunicar. Hoje me deu medo de estar só. Um só não tem do quê se esconder, pode chorar e eu tive medo de chorar. Então corri, saí de casa em busca de companhia, para me deleitar na ilusão da companhia. Ilusão achar que existe alguém com a gente em momento algum, mas eu quis acreditar, quis beber daquele copo e fugir da inevitável verdade: ninguém se ouve, ninguém quer se entender, ninguém se enxerga além do que já tem nos olhos.

Não bastam palavras. Quando eu estiver sem caneta e papel, nem nada, e surgir um verso lindo, este verso eu não posso escrever ou memorizar. Leio-o da minha mente em voz alta, para que ele ressone nas paredes do meu quarto, e para que eu o viva num momento. Sei que, de qualquer forma, ele é só meu.

Trancado no meu quarto, não tenho de quem me esconder, posso chorar. E tenho medo.

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