sábado, setembro 13, 2008

terça-feira, setembro 02, 2008

Tarde da noite

Já tendo concluido como a felicidade é importante e fundamental, me espanta e irrita o completo descaso com que trato a minha própria. A minha preguiça de querer, o meu pessimismo crônico no que se refere aos amores delas. Sobretudo a minha falta de idéias, eu tão cheio de idéias de tantas coisas, quando preciso trazer alguém para mais perto.

Amargo dias dos mais infelizes, sofro por não ter feito dias melhores, sofro em dobro por vergonha de perder um dia mais em lamentações inúteis e improdutivas, eu que já sei dos presentes que a vida me deu e me continua dando. O pior de tudo isso, custo a me perdoar. As confissões, sejam aos ouvidos das paredes ou dos amigos, em nada me aliviam da culpa. Pelo contrário: elaboram o conhecimento de meus erros a pontos cada vez mais insuportáveis. Deste modo prefiro muitas vezes calar, sentir minhas saudades e minhas penas quieto, para sossego dos felizes, que podem fazer melhor proveito de seu tempo que ouvir minhas lamúrias imbecis e intermináveis.

Tenho medo de um dia desses desistir por completo e me aquietar infeliz, longe do que possa me lembrar que a felicidade é possível. Eu mesmo já vi de perto, já encostei com a mão. Existe. Mesmo eu, que perambulo sozinho pela noite, já vi, de mãos dadas, o sol nascer.

Mas saudade, aí assim, é ruim.