quinta-feira, agosto 31, 2006

Pequena Morte

Nós pensamos na morte e em como viver. Eu ando muito procurando o que fazer com a vida, quais são os prazeres que me fazem genuinamente bem, quais impulsos devo sobrepor à razão e o contrário. Há casos.

Minha lógica e meus olhos têm limites, coisas que existem à revelia deles, sem lhes prestar satisfação. Lógica é só uma coisa que funciona dentro da sua cabeça, sem a menor obrigação de ter que funcionar no mundo.

Uma pequena morte todos os dias, escondida, no escuro ou em cima da mesa, à luz de velas no salão central. A práia é um bom lugar para ver o amanhecer. We all think about death, and then we go dancing. Psy trancing. Dancing. Psy trancing.

segunda-feira, agosto 28, 2006

Sampa

Era um senhor nipônico, tinha tirado os sapatos e as meias para relaxar os pés. Estava sentado numa arquibancada de pedras que brilhavam à luz do sol das quatro da tarde. Mas essa imagem ficará apenas comigo. Porque nem o próprio senhor podia se ver e ele não me permitiu fotografá-lo.

sábado, agosto 26, 2006

Curta-Metragem

Ontem pensei na morte
e fui dançar.

terça-feira, agosto 22, 2006

domingo, agosto 13, 2006

Refluxo

Não há reclamação. É como o mundo é e é a gente tentando interpretar que tudo é mesmo escrotoe que muita gente passa por muitas situações desesperadoras. E resolve-se prestar atenção no lenço, porque o lenço é muito mais simples, mas o problema é outro, o lenço molhado, o mundo seco.

E existe de vez em quando fugir, sem porquê-não. O mundo seco molha-se, na medida em que o mundo é aquilo que é dos olhos olharem. Se soubessem todos que o olho é uma máquina, o cérebro é uma máquina, o corpo todo é uma máquina e que máquinas têm programas, instruções de como proceder em relação a como procederão.

Caminha-se em direção à satisfação do prazer não-sensorial não-nada e à extinção do Não puro. Eu bêbado enxergo muito bem. Eu, você, a vadia... Ninguém presta.

terça-feira, agosto 01, 2006

Probabilidades

Está um frio que é bom, aqui. Algumas engrenagens vão voltando a funcionar.

Presto muita atenção nas linhas gerais das coisas e descubro certos padrões que, de vez enquando gritantes, costumam ser invisíveis. Daí me disponho a afirmar que as coisas todas são entre si muito parecidas. E as pessoas todas, as vidas todas e o ontem, o hoje e o amanhã.

Terça-Feira eu estava triste e agora já me sinto muito bem comigo. Se me visse andando do outro lado da rua, diria na minha cabeça "Vai ali um bom sujeito", mas eu mesmo nunca passo do outro lado da rua. Se passasse, seria o outro lado da rua este lado da rua e não o outro lado da rua.

Mas a impressão que me dá é que as coisas, pessoas, vidas, dias não são simplesmente parecidos. São a mesma coisa. Um professor tal me apresentou a uma teoria da Física Moderna de que se um elétron tem dois lugares por onde passar pra chegar do outro lado, ele não vai escolher um dos dois e sim passar pelos dois.

Então, penso eu: as coisas todas não são várias, mas são só conjuntos de probabilidades do que A Coisa pode ser. Idem com os dias, vidas, gentes.

Mas às vezes acredito que eu mesmo e alguns outros concentramos em cada um de nós mais de uma probabilidade do que O Ser-Humano pode ser.

Um dia sou a chave, outro o cadeado, outro a corrente. E me enlouquece muito.