domingo, janeiro 29, 2006

Imagens, sons, gestos e palavras são só tentativas.

Sinto uma coisa na carne das mãos, ela sabe contrair e relaxar mais ou menos de acordo com o que me passa pela cabeça, pela alma em todos os seus níveis. Não existe tradução, nada será dito da mesma forma em uma linguagem. Não existe comunicação, nenhuma idéia jamais será comum, comum, comunicada. A palavra jamais será a coisa. Coisas não têm como se dizer.

Têm massa, volume, cor, forma, cheiro, gosto, textura, preço; não têm uma palavra que as diga.

Precisamos de frases, às vezes várias, para explicar o que uma palavra quer dizer. Colocamos uma pedra entre o indicador e o polegar e dizemos "Isto é uma pedra.", mas certas coisas não cabem entre os dedos, certas coisas não podemos tocar, desenhar, cantar ou fazer mímica. São só tentativas, advinhe o que eu quero dizer. Advinhe o que eu estou sentindo hoje.

É urgente tentar. É essencial, é necessário, uma vez que passou a existir. Eu não consigo, eu não posso parar.

sábado, janeiro 21, 2006

segunda-feira, janeiro 09, 2006

Sei que não há por aqui quase ninguém conhecido, que a chance de alguém me dizer "Olá", por essas bandas, a essa hora, é muito pequena. Isto me dá um tipo estranho de conforto. Não tenho, por ora, o desejo de ser visto ou observado.

Tenho o desejo de andar anônimo por esta cidade enorme, de andar por lugares que não conheço. "Por aqui as ruas têm nomes de pássaros." Sei que estou perto, aviões voando baixo. A sensação é a de que posso tocá-los com a ponta dos meus dedos, mas não levanto a mão, porque ouvi dizer que os aviões carregam muita energia eletrostática.

Devo ter caminhado duas léguas sem dizer uma palavra. Poucas coisas dentro da minha cabeça. Só os sentidos examinando e percebendo o que há nesta cidade. Ninguém estende a mão para me tocar, devem pensar que carrego muita energia eletrostática.