terça-feira, setembro 28, 2004

Eu me enganei. Menti para mim mesmo e acreditei, caí no conto de minha própria encenação e a peça era uma farsa, uma trajédia... Já descobri minha verdade: achei que minha recuperação tivesse sido rápida, mas amores não se vão assim tão depressa.

Ainda me lembro de como eu ficava contente quando ela aparecia só para conversar besteiras. Eu ficava só olhando, contemplando e achando bonitinho, começando a querer, a acreditar que era possível dessa vez... Porque não? Então "vamos ao show, cara, vou te mostrar a menina de que te falei." Me sinto como se tivesse sido auto-sabotado. Eles se gostaram no instante em que se conheceram e já estava para acontecer o que tinha que acontecer. Aconteceu.

Por alguns dias achei que estava bem, mas os fatos às vezes batem minha cara de novo, vêm com violência me derrubam. É difícil até me concentrar em outras coisas. O chão, onde as pessoas pisam, é frio, sujo, asqueroso... Quero logo me levantar, mas parece ser mais que uma simples decisão.

quinta-feira, setembro 23, 2004

As palavras são meras convenções
Com suas formas, prosódias e significados
Tudo inventado pelos homens grandes...

E a gente desaprende como se comunicar
Pelo olhar, pelo toque, pelo sorriso, pelo silêncio
Ficamos à mercê destes intermediários - as palavras

E os intermediários, nós sabemos
Nunca passam a mensagem que queremos

segunda-feira, setembro 20, 2004

Tenho minha honra intacta. Fui honesto, fui verdadeiro. Tive coragem de fazer o que muito homem feito não faz até hoje. Fiquei nervoso, tremi, mas fiz, falei. Ela me ouviu demonstrando muita bondade, respondeu que era complicado. Ficou entendido que não ia acontecer nada entre nós, mas ninguém pode questionar que eu tentei. Foi uma vitória sobre um monstro que me atormentava já há muito tempo.

O que acontece com gente como eu é ser atacado pela desonra dos outros.

Alcancei minha vida num pulo, ela está ferida, ainda sangra. Acho que a recuperação será lenta, mas destes assuntos, ninguém pode prever nada. De qualquer forma, vou precisar de um tempo no fundo do mar... de novo.

quinta-feira, setembro 16, 2004

Fugiu ao meu controle. Escrever às vezes é assim: vai embolando e de repente surgem o lirismo e a fluência. Dessa vez, tudo fugiu. Eu abri as mãos e deixei minha vida cair. Tenho medo, paranóia. Onde ela está? Nas mãos de algum traidor? Estão lhe fazendo mal. Vou mergulhar e tentar pegá-la de volta. Como em qualquer mergulho, talvez eu afunde.

O fundo do oceano, lá está de novo. Eu, cá estou de novo.

segunda-feira, setembro 13, 2004

A gente sempre despreza os problemas alheios, acha fácil de resolver, simples, prático. Tudo se resolve colocando as cartas na mesa, tudo se resolve com o nosso magnífico bom senso de uma forma justa para todos os envolvidos...

Eu queria que meu problema fosse o vestibular por que muitos de vocês se esgoelam, se estressam e dedicam suas vidas. Queria ter sido difamado injustamente, ter ferido o dedão do pé num jogo de futebol, que o meu time fosse para a segunda divisão. Queria que minha vida social fosse ruim, que meus finais de semana fossem um saco, que meus amigos não tocassem numa banda legal, que eu mesmo não tivesse banda nenhuma.

Preferia ter brigado com meus pais, que eles me fizessem pressão psicológica sobre o meu futuro. Preferia ser ruim em matemática, física e química, que minhas notas estivessem vermelhas. Que meu computador quebrasse e eu perdesse os arquivos, que ninguém lesse este blog, que eu não soubesse mexer no photoshop...

Mas meu problema é outro. "E eu corri pro violão num lamento, a manhã nasceu azul. Como é bom poder tocar um instrumento."

quarta-feira, setembro 08, 2004

Só tenho alguns minutos, já perdi tempo demais com besteiras. Talvez não tenha mais tempo nenhum. Quando penso no que já pode ter acontecido, tenho falta de ar. Meu peito dói. Meus vacilos vêm à tona e se esfregam no meu rosto, me humilham. Aceito, abaixo a cabeça, admito e é só o que consigo fazer, por enquanto.

É que, infelizmente, a noite já acabou. Tenho que anotar meus sonhos para tentar me entender e traçar melhor meus planos. Água fria no rosto e eu acordo. Não parece justo, mas no mundo muitas coisas não são justas. Estão por aí pessoas que querem te dar um soco no olho assim que te encontrarem.

Ao menos existe o sol para me guiar durante o dia, a lua para me guiar durante a noite, a música para me acompanhar sempre. Ao menos, consegui enontrar alguma beleza e enxerguei como é feio o resto da cidade. Ao menos, tenho o que admirar e um motivo para ter esperanças quando me sinto sufocado.

Céu azul, é hora de ir.