sábado, agosto 30, 2003

Da semana passada...

Pálpebras

Nada hoje poderá me fazer sorrir
Não um riso largo cuja alegria
Dure mais que um mísero segundo
E os segundos hoje foram míseros

Levaram consigo todo o tempo
Deixaram comigo toda o peso
E tive de carregá-lo nas costas
E força quase não houve

Nenhum lugar para onde eu vá
Guardará algo novo a descobrir
Que valha a pena o peso dos passos
E os passos hoje foram pesados

Mal mecho as pálpebras dos olhos
E nem há motivo para que eu o faça
Já estão molhados o suficiente
Só falta que eu feche e abra

Mal posso escolher onde vou sentar
O chão de mármore me separa da terra
Não me importo de sujar a calça
Não aguento mais ficar de pé

Melhor então eu me deitar logo
Não há lugar aqui para mim
Não há lugar onde eu sinta
Que é um lugar feito para mim

segunda-feira, agosto 25, 2003

Em ocasiões sociais, seja ela uma conversa a 3 ou uma grande festa, costumo me perguntar se a minha inexistência ou ausência fariam alguma diferença no rumo das coisas. Normalmente a respota é "não" e não é muito animador se sentir inútil diante dos fatos, mas na sexta-feira eu fui não só útil como indispensável e minha atitude pode ter sido importante para a educação de umas 300 pessoas hoje e de até mais no futuro.

Eu adoro o colégio onde eu estudo. Um ambiente excelente, estudo lá desde a alfabetização e nunca considerei ir pra outra escola. Gosto de lá, gosto dos professores, dos alunos e até das árvores. Não é uma escola de playboys, mauricinhos ou patricinhas, sem querer generalizar. Também não tem toda aquela paranóia de vestibular, sempre se preocupou em formar o caráter do aluno em primeiro lugar. Mas tudo isso estava mudando e o colégio estava perdendo muito em qualidade se tornando uma escola comercial.

Eu via as queixas de vários colegas, tinha as minhas também, e muitos diziam que com certeza sairiam da escola no ano que vem. Do jeito que estava, eu também queria sair, mas como adoro aquele lugar, resolvi tomar uma atitude. Escrevi uma espécie de manifesto e cutuquei o grêmio para convocar os líderes de cada sala e fazer uma reunião com a direção pedagógica da escola. Consegui o que queria e foi na última sexta-feira durante a tarde.

Senti realmente a preocupação da direção com os fatos que eu, juntamente com as lideranças, estava expondo e uma vontade sincera de mudar com a cooperação de todos e todos gostam muito de lá, não querem ver o colégio cair de nível. Se fomos enganados, fomos muito bem enganados. Assim eu consegui uma grande vitória. Entrei em atividade, interferi nos fatos e com a melhoria do colégio posso ter ajudado muita gente. Sem minha atitude nada teria acontecdo.

Ainda de quebra, o manifesto me rendeu fama de bom escritor e um jornalzinho estudantil feito por uma associação de grêmios da cidade me pediu para escrever um artigo sobre a atuação deles mesmos, os grêmios estudantis. Fiquei muito feliz com o convite e o artigo já está escrito. Será que começou minha carreira de jornalista?

sexta-feira, agosto 22, 2003

Estava no longo momento que me separa do instante em que eu me deito e aquele em que eu de fato durmo e me lembrei de uma historinha da minha infância quando meu pai morava em um flat e eu passava os finais de semana ímpares lá com ele. O flat era legal, tinha uma piscininha, um lugar para jogar cartas e xadrez e eu tinha até um bom relacionamento com os funcionários de lá o que me chama atenção hoje em dia. Não sou muito de conhecer gente à toa nos lugares por onde passo.

O curioso é que eu acabei fazendo um amigo por lá. Acho que era filho de um amigo do meu pai. Ele era 4 anos mais velho que eu e mesmo assim nós estávamos sempre juntos, jogávamos bola, damas, dominó, cartas, xadrez, corridas de natação... Até quando ele estava estudando eu estava por perto. E eu era um bom aluno da primeira série do primário, ele me ensinou a calcular raíz quadrada.

E na primeira série eu era um CDF de carteirinha assinada. Eu gostava de ir para a escola de um jeito até chato. A todo momento eu estava conversando sobre a professora, ficava pensando em coisas para falar, ia na mesa do professor e falava, só por falar. Uma vez fui lá dizer que tinha um aluno na outra sala que já tinha repetido o ano três vezes. Ela já sabia. Claro que já sabia, os professores conversam entre si, aliás, são uma classe bastante unida.

Então eu fui na mesa da professora dizer que já sabia raíz quadrada. Me aproximei e falei, disse ainda que a de 64 era 8, a de 100 era 10 e a de 25 era 5. Ela fez os outros pararem o que estavam fazendo para dizer que eu já sabia raíz quadrada e me fez falar sobre isso. Eu o fiz com todo prazer, claro. Eu era um saco. Hoje eu não gosto de falar em público nem de exibir minhas habilidades. Fico mais quieto na minha.

Mas como eu não era assim antes, acabei ensinando raíz quadrada para grande parte dos meus colegas e quando chegamos na quinta série a professora de matemática teve uma grata surpresa ao ensinar esse assunto. Ela até comentou depois que nunca tinha visto uma turma entender raíz quadrada tão rápido. Eu que ainda tinha um pouco de Nerd em mim fiquei bem satisfeito...

... Só uma historinha da minha infância de que me lembrei.

segunda-feira, agosto 18, 2003

Como ando? Para frente... Olho pra baixo, ou para lugar nenhum, Ós caminhos são os mesmos de ontem. E anteontem. Já os conheço bem. Só não sei para onde estou indo... Para onde estou indo e levando comigo a minha vida, o meu futuro. E o que estou fazendo com meu presente, meus sábados e domingos, meus dias de feira, meu ócio, as pessoas que me olham todos os dias e não sabem quem eu sou e nem fazem questão porque eu não sei quem elas são e nem faço questão.

Tem tanta gente que eu ignoro... Que não trato nem bem nem mal, que eu simplesmente deixo lá onde estão. Parecem felizes sem mim e não mereço ser nem assunto. Me elogiam por coisas que não consegui, simplesmente fiz. Eu tenho aptidões escolares, tiro notas boas sem muito esforço. Aprender para mim é fácil. Acho que tenho mais facilidades nesse ramo que o normal. Mas não faço quase nada que se torne difícil. Abandono, continuo onde estava. Qual foi a última coisa significativa que aprendi a fazer? Acho que foi tocar violão. Foi fácil. Foi quase natural. Poderia ter me especializado em alguma coisa, mas larguei. Abandonei e se evoluo é por prática e não por persistência.

Acho que tenho menos facilidades no ramo social que o normal das pessoas. Eu conheço pouquíssimas pessoas. Esse número ampliou-se um pouco esse ano, mas só um pouco. Passos curtos e esporádicos levam para frente a minha vida social. Sim. Eu tenho um grupo fiel de amigos muito amigos. Já fui elogiado por isso e foi muito bom receber um elogio de verdade. "Você é incrível. Não tem falsidades com ninguém, todo mundo que você conhece é seu amigo mesmo". O problema é que eu não odeio ninguém, eu não preciso ser falso com ninguém para tratar bem.

Tenho andado mal há quase uma semana. Hoje eu mal abri a boca, mal sorri. Cumprimentei, até conversei um pouco. Me deram o violão na mão e toquei umas coisas tristes de improviso. Estão acostumados comigo sério, quando eu estou mal ninguém pergunta porque. Talvez ninguém perceba... Talvez não queiram conversar, ou não se importem, ou estejam cheios de seus próprios problemas. Que não se importem, então. Não quero nada que não seja de verdade. Talvez por isso eu ande assim tão triste. O mundo é cheio de falsidades.

sexta-feira, agosto 15, 2003

O ano não está mais no começo, estamos mais próximos do começo do ano que vem, e no meu caso começam as pressões em torno do vestibular. Perguntam-me se já sei o que vou fazer e eu digo que sim: vou fazer jornalismo. Pelo menos é a primeira faculdade que pretendo cursar antes de mudar de opnião, se mudar. Eu já estou bem decidido mas muita gente não está. E o mercado nos força a escolher com 18 anos o resto da nossa vida inteira.

O mundo está ficando cada vez mais cruel, mas não foi o mundo que criou essa condição. O mundo continua o mesmo e do chão continuarão brotando árvores frondosas, frutos e flores. Quem fez o mundo desse jeito fomos nós, homens. Seria pedir até demais que todo mundo desse uma paradinha para descansar, deitar na rede e tomar água de côco. Seria melhor para todos. O problema é que haveria um espertinho que no momento do descanso continuaria trabalhando e assim teria mais dinheiro que os outros. Isso o faria satisfeito.

Então é o dinheiro que destrói a humanidade. A busca pelo dinheiro. Quem foi que inventou essa merda? Dinheiro pode até trazer a alegria para alguns e ajudar bastante na felicidade, mas pelo que eu sei, no geral, o dinheiro só faz separar as pessoas ricas das pobres, criando dois mundos muito distintos, o do exagero e ostentação e o da miséria e do mínimo. Só faz as pessoas brigarem entre si por bens materiais. Competirem para entrar na universidade pública.

É do meu interesse pessoal entrar na universidade porque tenho ânsia de conhecimento e experiências. Pelo que sei, nos países de primeiro mundo entrar na faculdade é raro. É só para quem tem interesse mesmo pelo que quer fazer. Para quem quer assumir uma profissão que exija curso superior. Claro que essas pessoas vão viver melhor financeiramente, mas não é o único caminho. Aqui no Brasil é indispensável. Curso superior se tornou o básico para não passar fome.

As crianças de classe média à alta são orientadas desde pequenas. Elas tem muito claro na cabeça que o único caminho possível, viável, aceitável é entrar na escolinha particular, ir até o terceiro ano com pré-vestibular depois entrar na universidade. Se passar no vestibular ganha um carro, e vá com Deus que a vida é sua. Antes não. Antes de passar no vestibular não existe escolha. Se o cara quiser ir pro interior viver pacificamente ele não pode. O único caminiho é o vestibular.

Isso tudo porque o mundo capitalista é excessivamente competitivo. E todos reclamam disso. Até os estressados acionistas de Wall Street. Mas ora, foram eles quem fizeram o mundo assim. É só dar uma paradinha estratégica para ir ao banheiro e relaxar. Só que o mundo inteiro não relaxa. Os homens querem dominar seus conterrâneos, os países querem dominar seus vizinhos, todos querem petróleo barato. Ninguém entende que a humanidade é uma só.

segunda-feira, agosto 11, 2003

Deito as mãos aqui para ver se algo acontece... Se alguma palavra nova sai do meu vocabulário para escurecer esta branquidão... Um papel. O que as pessoas em geral, as que não escrevem, vêem num papel em branco? Uma folha de ofício... Acho que pensam em alimentar a impressora ou algo nesse nível. Crianças logo vêem um belo desenho com um sol no canto, uns rostos sorridentes e esse é o papai e essa é a mamãe.

Eu acho que nunca fiz esses desenhos assim, meus pais são separados desde que tenho 4 anos e desde então eu não os chamo de papai ou de mamãe. Chamava de meu pai e minha mãe e sou assim até hoje. Com 4 anos eu era oficialmente uma criança e não mais um bebê chorão... E dizem que eu não era chorão. E até hoje eu não chamo as pessoas pelos apelidos, é raro até eu chamar minha tia de tia na segunda pessoa. Costumo continuar chamando-as pelos nomes que conheci primeiro.

Esses nomes carinhosos saem difícil de minha boca, bem como palavras de amor ou pedidos de perdão. Eu sou uma pessoa difícil de se entender mesmo. Já me acusaram de ser extremamente racional... Se fosse eu seria até mais corajoso. Racionalmente eu sou bem resolvido. Pode até me pedir conselhos imparciais que eu os faço muito bem... Mas quando o problema é meu, tenho que lidar com o meu lado emocional também. E ele me domina, me mete medo e eu fico quieto esperando o tronco descer a cachoeira.

E espreitam-me os urubus famintos pela minha carne morta

Alguma luz me coça os olhos
Gostaria de tê-los agora fechados
Fazendo do meu dia uma noite
O sol foi quem nasceu e é criança

Barulho das folhas secas quando piso
Sob a sombra das folhas ainda verdes
Das árvores vivas do caminho que sigo
Não sei até quando nem até onde vou

Os pés firmes um passo após o outro
Mas vez ou outra sinto-me cansado
No céu já espreitam-me os urubús
Famintos pela minha carne morta

E espero ansioso encontrar um leito
Numa casa onde eu possa entrar e ficar
Desamarrar as botas e sarar os calos
Fim de um caminho, começo de outro

sexta-feira, agosto 08, 2003

Amanhã é o dia um do Garage Rock Festival. 11º ano do festival, se não me engano. Várias bandas alternativas do cenário baiano e a atração Nação Zumbi. Eu quero ir. É amanhã a tarde toda... Mas talvez eu não vá. Interessante que quando você adquire a independência financeira e não precisa mais pedir permissão a seus pais para fazer as coisas, você ganha junto um monte de obrigações e acaba não fazendo as coisas mesmo assim.

Minha mãe recebeu de minhas mãos um pequeno comunicado da escola dizendo que eu havia filado (matado) 5 aulas de inglês. Sim, eu fiz isso mesmo. Eu sou formado em inglês na melhor escola de Salvador e essas aulas do colégio não me acrescentam nada. Eu atrapalho os outros que querem aprender alguma coisa (e nem assim aprendem) e prefiro não assistir à aula de vez em quando.

Adoro minha mãe, não trocaria por nenhuma outra mas existe uma coisa nela que eu realmente não gosto e fico aborrecido quando tomo bronca relacionada a isso. Minha mãe é muito presa à regras e conceitos. E não entende de jeito nenhum porque eu não fui para essas 5 aulas de inglês. Então não sei se ela vai permitir a minha saída para o Garage Rock. E eu vou ficar aqui vendo TV e absorvendo cultura inútil... Mas como eu disse, adoro minha mãe. Ela é flexível e talvez deixe-me ir. Torçam por isso.

Ah! Mais uma coisa: mostrei alguns dos meus poemas/poesias a meu professor de literatura e ele disse que gostou muito. Fiquei satisfeito por receber a aprovação de um estudioso do tema. Essa foi a que ele gostou mais, acho que por ser uma poesia sobre a poesia:

Lará

Estou aqui me forçando a fazer poesia
vendo se sai alguma coisa de minha alma vazia...
Mas minha alma não é vazia, foi só pra fazer rima
Será que essa é a minha, alguma coisa, sina?

Alguma coisa pra encher a métrica
O mesmo número de síliabas poéticas
ditongo e hiato são uma sílaba só
se contar errado agora, tenha dó

Vai ficar sem rítmo definido
oscilando, ocioso, fedido
Será que esse poema obecede à regra?
não vou saber se eu contar às cegas

Contar às cegas é o que faço agora
no puro instinto, confio na memória
memória não, foi só pra essa rima
Porque é essa, alguma coisa, minha sina

lará lará lará lará lará lará larará

terça-feira, agosto 05, 2003

Palmas! Palmas! Minha festa de aniversário foi ótima. Só estou falando sobre ela agora na terça-feira mas a festa foi no sábado. Os primeiros convidados chegaram por volta das 19:30 por algum motivo nobre. A festa estava marcada para começar às 21:00. E descemos com o violão e foram chegando as pessoas... E cada vez mais pessoas. Ligou-se o aparelho de som.

A bebida estava gelada, os salgados estavam quentes, todos estavam animados se divertindo. Eu estava satisfeito. Feliz com as presenças. Não foram todas, mas quem não veio não importava muito, com exceções justas. Estavam aqui umas 50 pessoas entre família e amigos e por querer dar atenção à todos não dei muita atenção a quase ninguém. Mas festa de aniversário é assim mesmo. Eu me diverti bastante. E acho que foi a noite em que mais tomei cerveja.

Houve uma pequena discussão por causa de uma crise de ciúmes. Um carinha brigou com a namorada e achou de dizer que um outro estava olhando para ela, mas a situação foi contornada. Acho que eu fiz um bom anfitrião tratando a todos com dignidade. Mais tarde um menino passou mal e vomitou, mas isso foi muito depois e a festa já estava no fim.

Os últimos convidados partiram às 10 da manhã depois de um breve cochilo. Foi a melhor festa de aniversário que já fiz para mim mesmo. Me diverti muito e valeu muito à pena. Uma noite feliz para mim. E imaginando os presentes genéricos que acabaria recebendo escrevi esses versinhos que já estão musicados:

Lágrimas num papel

Meu violão, meus discos
E tudo mais que eu tenho aqui
E não é meu

Meu coração aos meus amigos
E nada mais que eu tenho aqui
Levo quando eu for

Comemorar a vida
Só lágrimas num papel
Pra me dizer
A quem serei fiel

Nenhuma pedra é eterna na vida
Eu quero gente nas fotografias
Junto comigo

E depois da foto batida
Os que não deixarem a pose
Levo quando eu for

Comemorar a vida
Nem lágrimas num papel
Pra me dizer
Quem será fiel

Não vou lembrar
Das pérolas lindas
Das caixas

Não vou esquecer
Dos rostos, dos gostos
Dos dias

De paz e alegria
Paz e alegria

sexta-feira, agosto 01, 2003

Agente aprende a fazer as coisas que no final das contas acabam agradando. Eu aprendi na prática a fazer suco de limão. Achei que deveria ser cortando e colocando no liquidificador, misturando água e açúcar... Depois de fazer vários sucos azedos que eu mal consegui tomar, acertei. Hoje eu faço um suco de limão agradável e não dependo de ninguém para comer de noite... É a dominação do homem sobre o ambiente. O homem pode pegar o limão, e transformar em suco com suas ferramentas.

O homem não aguenta muito peso nas costas, não suporta frio demais nem calor demais, tem os braços fracos, é vulnerável a várias doenças e ainda corre o risco de ser triste. O homem é um dos animais mais fracos da terra. A maioria dos primatas é mais forte fisicamente que o homem. Ah, mas fomos abençoados com inteligência superior para resolver problemas práticos, usar ferramentas e enganar os outros. Jogar uma pedrinha ali e ir por aqui.

E por isso dominamos os animais. Eles só tem instintos. Se o suco de limão estiver azedo ele cospe, mas não faz a menor idéia do que aquilo significa, é só um impulso. Eu me forçava a tomar meu suco azedo para não desperdiçar. Depois da inteligência superior (ou talvez antes), adquirimos consciência e mais tarde criamos a ciência da consciência. E o homem ainda corre o risco de ser triste.

Não basta manter a espécie, não basta crescer e se multiplicar, não basta ter um filho, plantar uma árvore e escrever um livro. O homem quer tomar suco doce e ser feliz. O homem não quer só comida, quer também diversão e arte. E essa consciência me traz um medo terrível da extinção... Não a da espécie, mas da minha consciência. Se for só tudo pó e vento, quando eu morrer acaba. Acaba. Não haverá nem escuro pois não haverá noção de imagem ou cor. Não haverá noção nenhuma.

Então buscamos acreditar em profecias que dizem que vamos ter uma vida após a morte. Não que isso não seja verdade, eu já disse aqui: minha opnião não altera a realidade. Sendo verdade ou não, isso é um sustento para vivermos nossas vidas com algum objetivo real para cada um. O homem também é egoísta: não adianta nada que os filhos cresçam se você estiver morto e não puder ver com orgulho.

O homem quer sustento para o corpo e para a alma. E é essa busca pela alegria, natural do homem, que sustenta a Rede Globo, a McDonnalds, a Warner Bros e o tráfico de drogas nos morros cariocas. A tal da consciência. Mas nós não somos nada. Talvez existam outros seres capazes de ver 8 dimensões, ver e ouvir muito mais frequências de cores e sons e estamos nós numa ilusão tremenda. Já dizia Nietzche: O ser humano é para Deus assim como um sapo é para o ser humano.